Páginas

22/03/2011

Sobre sotaque e jeito de falar

Taí uma coisa que eu não posso falar muito: sotaque. Sou baiana e como tal, tenho o sotaque marcado. Na Bahia, escola vira "iscola"; desodorante é "disodorante";  doença, duença; sol é "só", sorvete é "sovete" e a lista é grande. Já quero deixar claro que o baianês não é errado, é só um jeito único de falar (porque falar o "r" puxado como os paulistanos, falar "Sa-mi-ra" como os mineiro e não "Sã-mi-ra" como a gente ou "mixxxto" no carioquês típico, também não é errado, né?). Na Bahia tem tanto regionalismo, tanta gíria que eu não entendo a metade (quem já viu as frases do baiano no facebook vai entender o que eu estou falando, ou não vai entender nada).
Eis que ontem marido acha o outdoor abaixo:



Primeiro eu não acreditei, né, muita  intimidade (e se você não for baiano e não entendeu a palavra intimidade aqui, vai lendo que você vai entender) com o presidente americano. Depois fiquei na dúvida, porque baiano é meio maluco. Aí o marido me explicou (veja aí) e eu entendi. Achei super inteligente. Só para esclarecer que na Bahia "negão" não tem um fundo de preconceito não, a gente fala isso corriqueiramente com amigos, com o "tio" da lanchonete e independe da cor da pessoa (eu já fui chamada de negona mesmo sendo amarela). Pode ser "traduzido" por rapaz, cara, velho, brother, "mermão". Assim como neguinha na Bahia é super carinhoso, meu marido me chama de neguinha e pode ser traduzido como amor, querida (eu chamo meu marido de neguinho também). Chamar nega ou nego na Bahia também é algo carinhoso, a gente chama os amigos assim (e sim, os amigos nem sempre são negros). Preta/o também é super carinhoso "ô minha preta, vem cá", muitos casais se chamam de pretinho e pretinha. Agora, se falarem "nigrinha" sai de baixo, a coisa tá feia! Mas mesmo assim, esse nome não está tão relacionado a cor da pele, eu já fui "xingada" desse jeito apesar do meu eterno tom desbotado.


E o sotaque daqui do Sul dos EUA,  mata qualquer um. Eles falam meio que cantando, meio ritmado, uma graça. Fora que aqui no Alabama, pen vira "pin", exatamente, eles falam "pin" aqui. Pense no sufoco para comprar uma caneta...o pessoal colocar "er" no final de tudo, egg vira "êg", preparar a comida é "fix the food". E claro que eles criam palavras como "worser" e trocam umas preposições. Eu adoro o "Y'all", que é bem típico. Uma delícia!

3 comentários:

  1. Lorna, voce está absolutamente certa sobre regionalidade. Meu marido acha estranho qdo converso com alguma amiga e chamo-a de nega, pq para ele soa racista não importa qtas vezes eu diga q eh algo tipico de nossa cultura. Eu morei em Sta. Catarina e lá as mulheres independente da cor se chamam nega.
    Aqui aonde eu moro (Missouri) eles também tem sotaque, e nunca esqueci quando minha sogra me perguntou onde eu aprendi a "fix" uma determinada comida italiana. A primeira coisa que veio na minha cabeça foi "mas esse não um termo para consertar coisas quebradas?", esperei ela ir embora e perguntei ao marido o pq do "fix". vivendo e aprendendo...
    Eu tbm adoro algumas expressões, como vc o y'all é uma das minhas favoritas, chamo meu marido de booboo as vezes, ele me chama de boo.
    So, sotaque é umas das coisas mais interessantes na cultura de cada país.

    ResponderExcluir
  2. Lo, o link pra explicação do outdoor não ta funcionado! ;/
    Quanto a esse sotaque americano, for god´s sake! Já é tenso pra quem é de fora compreender o nativo de lá, imagina com um sotaque não-hollywoodiano!

    ResponderExcluir
  3. O link é esse
    http://institutomariapreta.blogspot.com/2011/03/digai-negao-outdoor-na-bahia-faz.html

    Quanto eu coloco no blog vai, não abre a página...eu hein!

    ResponderExcluir

O que você acha disso?