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24/12/2011

Causo da visita

Aí né, que quando minha irmã chegou eu expliquei sobre o alarme de fumaça que fica dentro de casa, expliquei sobre a possibilidade de um funcionário entrar na casa a qualquer hora e expliquei outras coisinhas também. Aí, eram 8:30 da noite, meu cunhado estava no quarto falando com a família (um viva ao Skype!), eu e marido estávamos no quarto comprando uns gift cards de restaurante e minha irmã lá embaixo na sala vendo tv. Eu e marido começamos a ouvir o pin-pin-pin típico do alarme. Ele abriu a porta do quarto para saber se o barulho era daqui de casa (vai que minha irmã está cozinhando algo e acabou queimando, né?) e disse que não era, eu, que estou traumatizada com os 2 incêndios próximos que vi, disse: será que é da casa do vizinho? Nesse momento, alguém bateu na porta com muita força.  Eu: "Leo, será que é incêndio no vizinho e ele veio avisar?". Claro que eu lembrei que meus vizinhos são velhinhos e que se eles chegaram aqui para avisar, a situação já deveria estar feia, provavelmente seriam os bombeiros. Olhei pela janela e vi umas luzes, pensei "F%$#&, Maria Preá!", são os bombeiros! Corri para perto da janela para olhar direito já pensando que precisaria pegar o passaporte. Meu marido desceu a escada correndo enquanto minha irmã subia a escada correndo e chorando. Eu disse CHORANDO! Tá, não era um choro-choro, mas os olhos estavam cheios de lágrimas. A bichinha estava morrendo de medo, tadinha! Os dois deram um belo de um encontrão na escada enquanto eu gritava do quarto: "É só o cara do correio!!!". Vê isso! Dei tanta risada!!! O Cara do correio deixou a ré engatada e por isso o barulho do pin-pin-pin alto! Minha irmã tadinha, estava com medo mesmo! Gente, eu ri tanto, tanto! Aí desce meu cunhado: "oxe, 8:30 da noite e ainda tem gente fazendo entrega do correio?!"
Welcome to Alabama, sis!

Ps: Hoje o Natal vai ser na casa de um casal de amigos e depois iremos viajar por aí, na volto conto as nossas aventuras!

à você que vai passar o Natal em família, lembre de agradecer o momento, talvez um dia você sinta falta dessa confusão de gente legal ao seu redor. à você que vai passar a data com a família do cônjuge ou só com o marido, bom que você tem família por perto. à você que vai passar com os amigos, uma ótima festa e à você que vai passar sozinho, trabalhando desejo tudo de melhor também! Pra mim que terei um exemplar da dó-ré-mi, vai ser bom, mesmo que não seja completo :).

Um ano novo show para gente! Tenho convicção que 2012 será ano de colheita tendo em vista que plantei "bunito" nesse ano tenebroso que está acabando. See y'all later! Porque eu agora, só ano que vem!

20/12/2011

Eles chegaram!

Minha irmã e meu cunhado chegaram na sexta! Eu arrumei  a casa e aguardei ansiosa por eles. Saímos as 3am rumo a Atlanta para buscá-los. A idéia era que a gente chegasse depois deles, mas eles se atrapalharam, não entenderam onde iriam buscar a mala, receberam informações erradas e demoraram bastante para sair. Depois fomos tomar café em Marietta (o meu foi uma coxinha com suco de morango) e voltamos para casa. Marido foi trabalhar e nós saímos as compras (que é basicamente o que se tem para fazer aqui), já fizemos o roteiro e reservamos o hotel da semana que vem (vamos viajar por 1 semana!), a única coisa que ainda não defini foi o que fazer para entretê-los no mês e meio que ficarão aqui (tendo em vista que ontem eles ficaram em casa e já estavam entediados).

Trouxeram na bagagem muitos presentinhos (u-hu!), saudade, histórias da Bahia e um sotaque delicioso! Como sinto saudade do sotaque e da forma de falar na terrinha! "Rapaz, cê num sabe...", essa semana tenho que trabalhar dobrado para viajar semana que vem, Leo vai dar dois plantões, está no pior rodízio e estará de sobre-aviso, temos que cozinhar para o Natal, ajeitar as coisas. ufa, está super corrido!!! Mas está tudo bem, depois volto com calma e "causos" engraçados, agora vou correr para trabalhar!

Espiadinha em parte dos meus presentes :)

14/12/2011

Dos produtos engraçados e mais da séria: coisas que não fariam sucesso no Brasil

Já comentei que aqui as casas vivem fechadas principalmente no friozinho invernal. Aí é aquilo, você cozinha e a casa fica com cheiro de comida, entra gente fedendo a cigarro e a casa vira um cinzeiro...para combater esses cheiros tem vários tipos de produtos e olha aí o que eu achei


Até onde eu me lembro (tinha 15 anos quando pulei carnaval pela última vez), carnaval tem cheiro de suor, cerveja e muito xixi concentrado. O concentrado-de-xixi é tão forte que mesmo dias depois do carnaval terminar, mesmo depois do faxinaço que a prefeitura fazia com caminhões de água e sabão o cheiro insuportável ficava e lá eu gastava uns 20 dias indo para a faculdade sentindo esse aroma. Certeza que quem inventou esse nome nunca passou carnaval em Salvador ;).

Depois ainda me deparo com isso....



Falando das coisas que não fariam sucesso no Brasil:

Um pós barba com esse nome?!





Pense no desconforto em entrar numa clínica de estéticaque chama azia!


Usado para coceira, vai?

12/12/2011

Correria típica de final de ano!

Por que o final de ano sempre é corrido? "Avi Maria" tou suando para dar conta das mil coisas até o final do ano (oi? 19 dias?). E é muita viu! Nessas horas eu lembro das amigas que estão aqui com filho pequeno, uma casa enorme para dar conta, estudando, trabalhando e sim, elas sobrevivem e fazem tudo bem. Pelo menos aos olhos de quem está de fora. Bom, estou super atrasada no trabalho. Não consegui terminar um artigo e isso já tem 2 semanas. Não é questão de tempo é questão de bloqueio intelectual mesmo -que expressão 'chiuque'! Mas tenho que terminar hoje porque a chefe que é muito legal e  paciente já cobrou. Fora isso, vou viajar na última semana do ano e estou trabalhando dobrado. Preciso entregar a primeira versão de um projeto gigantesco na primeira semana de janeiro e ainda não estou nem na metade. Pense!

Minha irmã chega sexta, aí além de sair e comprar coisinhas para receber a visita, brigar com a transportadora da cama que até hoje não entregou a bendita, ir ao médico, estudar, ir na faculdade resolver minha vida acadêmica, transformar um quarto da bagunça em quarto de hóspede, fazer um faxinão na casa (ixi, isso eu nem comecei), fechar as malas com todas as roupas do verão, fazer mercado (rá, esse aqui é o pior) e estudar para o GRE. Ah claro, temos que fazer o roteiro da viagem de final de ano e taí outra tarefa que eu não gosto. Estou pensando o que fazer com minha irmã e cunhado na temporada (1 mês e meio) que eles irão passar aqui nessa cidade-nada-acontece-no-inverno.

Aí, claro, tem as reuniões com os amigos, no trabalho que são ótimas, mas por exemplo, na sexta eu fiz tanta coisa, tanta coisa que me atrapalhei toda: Jazzercise-trabalho-estudar com uma colega-engarrafamento enorme na 280-jantar na casa da amiga. O cookie que eu iria levar para o jantar e que ficou lindo da primeira vez, não prestou e esqueci o presente da filhinha da minha amiga em casa (o que foi bom, pois descobri que ela ja tinha algo bem parecido). Quando finalmente cheguei em casa estava mortinha da Silva! Mas isso não é uma reclamação, é só um relato. Deus me livre reclamar de ter o que fazer. Esse tipo de reclamação vai demorar a passar pela minha cabeça :).

Ah sim, continuo sendo esposa-de-um-residente-que-não-aguenta-mais. Meu marido é o campeão dos plantões da turma dele e olha, ele detesta ficar de plantão. Na atual conjuntura, ele odeia! Está sempre cansado, "nevoso" e faz contas intermináveis para saber quando esse "sufrimento" termina (jun/2012 ele termina o R2). Aí né, estou me esforçando o máximo para ele se sentir bem: comida quentinha, filminho em casa e até ler um livro para ajudá-lo num resumo, eu estou lendo.

Agora deixa eu ir ali levar marido no hospital para começar meu dia corrido e conseguir finalizar o artigo!

08/12/2011

E você tem medo de/do quê?

(A Eve, falou aqui, sobre o assunto e se inspirou aqui.)

Lembro que quando fui num passei com a escola numa cidade próxima a Salvador, entramos numa igreja antiga e no chão tinha aquelas lápides (o pessoal rico pagava para se enterrado lá). Achei meio bizarro, gente enterrada dentro da igreja, no altar, mas a professora dissse que na crença, aquele seria o melhor lugar do mundo (sem pecado, só com anjos...). Fiquei desconfortável e com medo, "pisando" nos mortos. Mas fiquei mais desconfortável ainda quando avistei uma lápide com meu sobrenome. Essa cena sempre me vem à cabeça! Naquele dia, aos 12 anos eu pensei "eu não quero estar no "melhor lugar do mundo" quando morrer, quero encontrar muitos melhores lugares do mundo ainda viva (música de vitória ao fundo!).

Bom, eu tenho medo de espírito/alma/fantasma, medo de escuro, medo de ladrão/sequestrador/estuprador, medo de sentir dor, medo de ter uma trauma/doença neurológica e esquecer de mim, da minha estória. Medo de ficar velhinha e dar trabalho, medo de ser esquecida (morar fora desenvolveu esse medo).

Mas das coisas que eu tenho mais medo (e até um certo pavor) é:
*Perder a vontade de colocar a mão na cintura e "brigar" pelo que eu acredito. Medo de deixar para lá. Medo de achar que não vale mais a pena falar/gritar/tentar porque nada vai mudar;
* Medo de não conquistar meus sonhos, principalmente os antigos, aqueles que eu sonhava (e sonho) realizar desde criança;
*Medo de perder minha felicidade, minha resiliência;
*Medo de perder essa curiosidade infantil e essa felicidade que me invade quando eu me deparo com coisas novas ou antigas (que pode ser - literalmente- um pé de quiabo nunca antes visto ou o cheiro do acarajé "quentinho" fritando no dendê- porque sou alérgica e não posso comer, mas amo o cheiro);
*Medo de correr atrás de coisas "essenciais", mas sem importância e esquecer de viver, esquecer o gosto bom que é o cacau do pé, a acerola vermelhinha.
*E o meu maior medo, acho que é não ter histórias para contar, mas isso, acho que estou superando.

Já escrevi um livro (pelo menos uma história em um livro), já plantei muitas árvores (e não estou contando com feijão no algodão) e no meio disso tudo, vi um montão de coisas, mas "cê" sabe né, minha vontade de abraçar o mundo é sempre grande e tenho mil milhares de coisas para fazer, nesse meio tempo, fico um pouquinho triste, mas o meu normal é estar feliz ou pelo menos alegre.

E você tem medo de/do quê?

04/12/2011

Das diferenças culturais

1. "Aí, né", marido está fazendo rodizío de carona com 2 colegas que moram aqui pertinho e nos dias que vou trabalhar, ele aproveita e dá carona para "os meninos" (já que é mais prático), então eles saem do hospital e vão me buscar. Essa diferença de rota aconteceu pela primeira vez na sexta e só tinha um amigo do marido no carro. O amigo, óbvio, estava no banco do carona. O que aconteceria se estivéssemos em Salvador? Quando chegasse no meu trabalho, o carona abriria a porta do carro e iria para o fundo ou pelo menos perguntaria se deveria mudar de lugar. No caso, o colega (egípcio) do marido permaneceu lá e eu que sou brasileira fiquei meio sem saber o que fazer. Não, não é que eu me incomode em ir no fundo e sim, é muito mais prático que ele permanecesse lá sentadinho, mas é aquilo né, minha vida toda foi dessa maneira e eu jamais havia pensado no ritual, era automático. Fiquei pensando como as pequenas diferenças culturais impactam no dia a dia e me perguntei o que eu já devo ter feito "de errado" segundo a cultura dos outros.

2. Americano tem uma cultura de mandar cartão por tudo. No final do ano então, "avi, Maria", uma chuva de cartões que são carinhosamente expostos nas geladeiras. Sinceramente, acho isso o máximo! Acho tão legal que resolvi adotar. Agora não pense que é um simples cartão que você compra em qualquer loja não (que também é muito legal, diga-se de passagem), mandamos personalizar, com direito a mensagem em inglês e português, com foto e com envelope personalizados. Lindo de se ver! Já enviamos todos e estou na expectativa, se o pessoal gostar, ano que vem tem mais!
Ps: o comércio de cartões aqui, bomba! Tem de vários valores, personalizados ou não. O que eu acho mais legal é o carinho mesmo. Você não precisa gastar em presente (embora isso de presente seja levado muito a sério por essas bandas), mas manda um carinho para aqueles que fazem parte da sua vida. Só tenho uma crítica a fazer: com essa cultura de enviar cartões, fora a cultura de enviar cartas, pagar contas pelo correio e tal, com tanto envelope que é necessário, por quê cargas d'água a cola do envelope não tem um gosto bom? Sei lá, menta, por exemplo! Não sei como os americanos conseguem lamber aquele treco, fica um gosto horrível na boca (é muito anti-higiênico, eu sei, mas fiz para testar né. Afinal, essa é a graça.)
Prévia do nosso cartão
 3. Um casal de indianos veio almoçar com a gente e trouxe "umas várias" comidas (normalmente a gente não faz isso no Brasil, assim, talvez uma sobremesa ou um vinho, ou liga perguntando o que pode levar, mas eles trouxeram muita comida mesmo e tiveram a gentileza de colocar pouca pimenta porque sabem que eu não consigo comer comida ardida). Aí, ele foram embora e claro que sobrou muita comida, eu estava ajeitando para que eles levassem as vasilhas, mas eles falaram que de jeito nenhum, que era pra gente comer e depois develveria as vasilhas. Até aí, bem brasileiro mesmo. Bom, comemos e lavei as vasilhas para devolver. Mas assim né, na Bahia quando você devolve as vasilhas, é de bom tom que coloque uma coisinha de agradecimento, tipo um chocolate. E foi isso que fizemos. Marido entregou as vasilhas numa sacolinha e, como é algo automático, não comentou dos chocolates. Aí que o amigo, uns dias depois, manda um email as 3 da madruga (ele estava de  plantão) dizendo para Leo que dentro da vasilha havia uns chocolates e que segunda ele devolveria. Eu ri horrores! Nem passou pela cabeça dele que os chocolates eram para ele e que essa seria uma maneira da gente agradecer. Vê isso!

4. Aqui também tem amigo secreto, amigo da onça e um tal de troca de cookies. Sim, aqui eles comem muito desses trecos-deliciosamente-gordos-que-eu-adoro. Só que a gente não sabia fazer e marido só sabia que queria cookie recheado com brigadeiro (pela regra da brincadeira, o cookie tem de ser feito em casa, empacotadinho e com uma cópia da receita), achei a receita e testamos. Olha que gostoso!
Essa foi nossa versão dessa receita aqui

01/12/2011

Causos II

1. Sabe aquele dia que você está chata? Uma chatonilda daquelas? Eu estava assim e queria comer algo gostoso. Sim, tinha comida em casa. Sim, restaurante é o que não falta pelas redondezas, mas claro que eu não queria nada disso. Porque não era fome, fome era fome, desejo (não, não estou grávida) e eu queria um prato de carne do sol com pirão de leite ou aipim cozido e nesse caso, com farofa de ovo. Aí que marido vendo meu "piti-to-be" resolve que iríamos encontrar algo. Fomos numa biboquinha que ele gosta e eu não, mas né, resolvi experimentar algo. Daí que quando a gente chegou no lugar, tinha uma americana (daquelas fluorescentes mesmo) no balcão, uma hispânica (que eu vou falar que é mexicana para ficar mais caricato) limpando o chão e um moço negro ao telefone. Faltava pouco tempo para a biboca fechar e eu fiquei pensando na mistura-não-misturada americana, um monte de gente diferente no mesmo lugar. Daí, sei que o cara começa a falar alto e xingar ao telefone. A mexicana fala duro com o moço negro estressadinho "o senhor precisa sair daqui, isso não se faz" e olha para a colega americana-fluorescente, essa fala ainda mais alto e de forma dura que naquele lugar esse tipo de comportamento não é aceitável e que ele teria que sair. O moço-negro se espanta, finje que não entende o motivo, demora um pouco e sai da loja. Ele passou atrás da gente e nessa hora eu só conseguia rezar, sei lá, esse pessoal que pode andar com arma e com raiva. Porque né, se fosse no Brasil, por muito menos a coisa poderia acabar feia. Me espantei:
*ao saber que uma pessoa que não era cliente pediu para usar o telefone da loja;
* de ver que 2 mulheres trataram o moço de forma correta, mas dura e foram respeitadas;
*de notar que o moço não tentou dizer que estava certo;
*de observar que ele não revidou contra as mulheres e
*da caixa pedir mil desculpas pra gente pelo acontecido.

2. A crise está super complicada aqui. Muita gente sem emprego, muitas coisas fechando. Só que é final de ano, a correria nas lojas já começou faz tempo e deve ser horrível não ter como comprar as coisas para a família. Aí eu e marido estávamos numa loja de departamento e a gente ouve um aviso nos alto-falantes da loja de que tinha um homem negro vestindo uma roupa tal que estava sendo suspeito de pegar algo e que ele estava no andar X, perto das roupas femininas. Tá, eu ouvi, mas juro que não levei a sério. Até meu marido que é sempre quieto começar a chamar meu nome alto e pedir para que eu ficasse perto dele. O aviso foi repetido várias vezes até que avisaram que a situação estava controlada. Eu senti medo, mas eu senti muita pena. Muita pena mesmo. Eu estava lá, com salário na conta, feliz e contente comprando e comprando, enquanto aquele moço estava lá, tentando roubar algo de uma loja de departamento. Fiquei com dó, pena dele ter sido pego e ter de se explicar. Situação constrangedora essa. Aí eu lembrei como era no Brasil, tanto pedinte, tanta criança nas ruas que as vezes me deixava anestesiada diante de tanta miséria. Agora que essa cena é muito mais rara para mim, eu volto a pensar naquela pessoa, naquela situação horrível que é querer e/ou precisar e não ter como conseguir.