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30/12/2013

A visao deles e os meus comentarios

Vi esse post aqui e fiquei com tanta vontade de comentar. Um americano que morou no Brasil criou uma lista dos motivos pelos quais ele odiou morar no Brasil. A lista é ainda maior se você entrar no site americano, abaixo eu cortei os comentários de forma que só a parte principal fica aqui para o post não ficar tão gigantesco. Se quiser ler os detalhes, vai lá no post (o link está acima). Meus comentários estão em vermelho e o que eu achei mais interessante é que muita das coisas que ele critica do Brasil, eu vivencio aqui nos EUA. Além disso, pra mim a pior coisa do Brasil é a violência (e todo medo que passamos por conta desse fato) e isso ele não citou


1. Os brasileiros não têm consideração com as pessoas fora do seu círculo de amizades e muitas vezes são simplesmente rudes. Tudo bem que normalmente americano não é rude, eles são super amigáveis, mas sinceramente eles não consideram ninguém fora do seu círculo. Moro há quase 4 anos aqui e não temos nenhum amigo americano. Nenhum!Por exemplo, um vizinho que toca música alta, mesmo se você vá pedir-lhe educadamente para abaixar o volume. Isso é verdade, nos EUA eles se preocupam muito com o espaço alheio, no Brasil não.
2. Os brasileiros são agressivos e oportunistas, e, geralmente, à custa de outras pessoas. O melhor exemplo é o transporte público. Se eles vêem uma maneira de passar por você e furar a fila, eles o farão, mesmo que isso signifique quase matá-lo, e mesmo se eles não estiverem com pressa. Infelizmente na nossa cultura, tirar vantagem é algo positivo. No entanto, nas cidades grandes americanas, eu vejo um trânsito violento também.
3. Os brasileiros não têm respeito por seu ambiente. Eles despejam grandes cargas de lixo em qualquer lugar e em todos os lugares, e o lixo é inacreditável. No Brasil, principalmente nos bairros mais pobres, a questão do lixo é terrível. Mas aqui não tem muita coleta seletiva. Eu e marido separamos as coisas e vamos entregar em postos específicos, então muita gente não separa o lixo (dá trabalho!). Lembro que uma colega alemã, em uma aula qualquer estava contando horrorizada a questão do lixo aqui e disse algumas vezes que aqui o sentido de reciclar e coleta seletiva é horrível.
4. Brasileiros toleram uma quantidade incrível de corrupção nos negócios e governo.
5. As mulheres brasileiras são excessivamente obcecadas com seus corpos e são muito críticas (e competitivas com) as outras. Ahahahaha, é parar rir? Tá, tudo bem que aqui o pessoal sai de pijama, mas a cara está toda pintada e os cabelos impecáveis. A diferença em relação a competição é que a educação americana não permite você falar o que pensa, então a competição é velada no sentido de beleza. Em todos os outros sentidos como notas, melhor isso, melhor aquilo, a competição é vivida intensamente. Eu vejo as colegas do meu marido, magras, super magras, fazendo dietas mirabolantes e postando fotos, digamos, sensuais no FB. Igual eu vejo no Brasil (isso também inclui uma bolsa "de marca", um lugar V.I.P., preço de alguma coisa etc).
6. Os brasileiros, principalmente os homens, são altamente propensos a casos extraconjugais.
7. Os brasileiros são muito expressivos de suas opiniões negativas a respeito de outras pessoas. Nossa, depois que mudei para os EUA, percebi como isso é verdade. No Brasil as pessoas se acham no direito de falar o que pensam e isso não é muito legal. Fico imaginando o susto e o desconforto que deve ser para um americano ter de lidar com isso.
8. Brasileiros, especialmente as pessoas que realizam serviços, são geralmente malandras, preguiçosas e quase sempre atrasadas. Quase sempre? Não concordo. Acho que a questão do atraso é correto. No Brasil atraso é muito tolerado, mas dizer que são malandros e preguiçosos, acho difícil. Minha experiência aqui, em relação a atraso também não é das melhores, embora não seja igual ao Brasil, é bem ruim também.
9. Os brasileiros têm um sistema de classes muito proeminente. Os ricos têm um senso de direito que está além do imaginável.
10. Brasileiros constantemente interrompem o outro para poder falar. Tentar ter uma conversa é como uma competição para ser ouvido, uma competição de gritos.A gente de fato fala mais alto que os americanos, mas não acho que falamos ao mesmo tempo não. Talvez esse americano não seja fluente em português e por isso tenha se incomodado com a rapidez das conversas. Eu vejo isso aqui. Numa conversa "normal", as vezes um interrompe o outro para falar algo, mas se for uma conversa entre amigos e nossa, se estiver rolando álcool,  é igual ao que vemos no Brasil.
11. A polícia brasileira é essencialmente inexistente quando se trata de fazer cumprir as leis para proteger a população.
12. Os brasileiros fazem tudo inconveniente e difícil. Nada é simplificado ou concebido com a conveniência do cliente em mente, e os brasileiros têm uma alta tolerância para níveis surpreendentes de burocracia desnecessária e redundante. Com certeza absoluta esse americano não é do Alabama. Eu conheci o real conceito de burocracia aqui nos EUA. Naquele nível de fazerem tudo errado, ferrarem com a sua vida e virarem para você com a maior cara de c% do mundo, com a frase  "I'm sorry", como se essa frase fosse resolver alguma coisa! E isso é outra coisa aqui, eles acham que falar "I'm sorry" é solução para tudo. Tem horas que dá vontade de matar!!!!
14. Está quente como o inferno durante nove meses do ano, e ar condicionado nas casas não existe aqui, porque as casas não são construídas para ser herméticamente isoladas ou incluir dutos de ar. Fora que a energia elétrica é absurdamente cara.
15. A comida pode ser mais fresca, menos processada e, geralmente, mais saudável do que o alimento americano ou europeu, mas é sem graça, repetitivo e muito inconveniente. Alimentos processados, congelados ou prontos no supermercado são poucos, caros e geralmente terríveis. Para mim esse foi o pior ponto que ele escreveu. Comparando a comida brasileira com a americana...não tem comparação. A comida aqui quase não leva tempero. Comida caseira para eles pode significar abrir 4 latas, colocar em uma panela e pronto. A comida congelada é horrível. Eu já testei e sempre passei mal. Dizer que é repetitivo é estranho. Normalmente os europeus que conheci falam o contrário, que no Brasil se faz comida demais por refeição. Comparando com refeições americanas, eu acho a comida no Brasil muito mais saborosa, mais cheia de possibilidades, as carnes são mil vezes melhores e a variação de pratos enorme. Talvez esse americano esteja falando de comidas em restaurantes. Aí eu concordo, com algumas poucas exceções de cidades, é difícil encontrar restaurante que sirvam comidas não-brasileiras (comparando com os EUA).
16. Os brasileiros são super sociais e raramente passam algum tempo sozinho, especialmente nas refeições e fins de semana. Eu sofro o contrário aqui e isso é só uma diferença de cultura. No meu trabalho tem uma copa com mesa e cadeiras. Minhas colegas esquentam a comida e cada uma volta para a sua sala para comerem sozinhas. Isso não aconteceria nunca no Brasil. A minha dificuldade aqui é que estou sempre sozinha.
17. Brasileiros ficam muito perto, emocionalmente e geograficamente, de suas famílias de origem durante toda a vida. Isso deve ser difícil para alguém que vem de uma cultura onde aos 18 anos você sai de casa e toma suas decisões sozinho. Eu gosto do jeito do Brasil. Gosto de ter minha mãe lá pra mim a qualquer hora. Acho tão estranho e até obsessivo a busca constante de privacidade dos americanos. Mas isso é questão de cultura mesmo, não há o que fazer.
18. Eletricidade e serviços de internet são absurdamente caros e ruins.
19. A qualidade da água é questionável.
20. E, finalmente, os brasileiros só tem um tipo de cerveja (aguada) e realmente é uma porcaria, e claro, cervejas importadas são extremamente caras.
21. A maioria dos motoristas de ônibus dirigem como se eles estivessem tentando quebrar o ônibus e todos dentro dele. Medo!!! Se isso assusta até brasileiro, imagina quem vem de fora. Esses dias minha irmã e minha mãe estavam turistando no Rio e mandaram uma mensagem para mim dizendo que o motorista do ônibus estava alucinado e os passageiros ficavam gritando e reclamando.
22. Calçadas no meu bairro são cobertos com mijo e coco de cães que latem dia e noite. Pô, não tem como controlar latido de cachorro. E olha, eu tenho certeza que aqui só não tem esse problema de cocô na calçada porque praticamente não tem calçada. Mas aqui no meu condomínio, tem muito cocô de cachorro. Muito mesmo! E não é nada raro a gente sair de casa e encontrar essa "jóia" literalmente na porta de casa.
23. Engarrafamentos de Três horas e meia toda vez que chove. Verdade, mas aqui é a mesma coisa. Quando neva ou quando chove a cidade pára. Claro que quando a chuva dá uma trégua, a coisa flui rápido. Diferente de Salvador.
24. Raramente as coisas são feitas corretamente da primeira vez. Você tem que voltar para o banco, consulado, escritório, mandar e-mail ou telefonar 2-10 vezes para as pessoas a fazerem o seu trabalho. Gente, meu marido foi tirar a permissão médica dele esses dias e contamos 14 ligações!!! Para eu tirar meu social, precisei ir lá mais de 15 vezes (literalmente). Nunca consegui renovar minha carteira de motorista na primeira tentativa. Meu marido foi fazer o fingerprint obrigatório para o conselho de medicina na policia de Bham e o policial fez errado. Juro! O trabalho é pintar os dedos e passar no formulário e o homem errou os dedos! Pior, ele conseguiu deixar ilegível o do amigo do meu marido e o órgão responsável não aceitou. Aqui eu nunca tirei um documento de primeira, nossos nomes são um problema porque eles não entendem que temos 2 sobrenomes e nenhum nome do meio. A gente comprou um carro e depois de uma semana de uso eles ligaram dizendo que o banco não havia aceitado o acordo e que teríamos que devolver o carro. E isso não representa nem 50% das coisas...então, como eu disse lá em cima, eu conheci o real conceito de burocracia aqui nessa birosca.
25. Qualidade do ar muito ruim. O ar muitas vezes cheira a plástico queimado. Isso é bem relativo a cidade que ele está. Se fosse em Salvador e falasse em cheiro de maresia ou sargaço, eu assinava embaixo.
26. Ir a Shoppings e restaurantes são as principais atividades. Não há nada pra fazer se você não gastar. Há um parque principal e está horrivelmente lotado. Em Salvador tem praia, em são Paulo tem muitas atividades gratuitas, no Rio também. Isso tem a ver com a cultura do grupo que ele se relacionou. No entanto, shopping é algo que brasileiro adora mesmo. Aqui em Bham, especialmente no inverno que não tem nada para fazer, é uma das poucas possibilidades. No verão tem muitos parques e tal, mas a maioria das atividades é focada para crianças ou esporte, ou seja, eu não aproveito muito.
27. O acabamento das casas é péssimo. Janelas, portas , dobradiças , tubos, energia elétrica, calçadas, são todos construídos com o menor esforço possível. Nossa, eu tenho a mesma crítica das casas daqui. Os americanos que adoram privacidade, por  conta do sistema de aquecimento/refrigeração a casa perde completamente o isolamento acústico. Você ouve o que é falado no quarto do andar de baixo. é bizarro! As casas sã feitas de madeira, o que ajuda na falta de isolamento acústico. Acho as coisas bem mal feitas também. Claro que se você paga caro, em qualquer lugar do mundo, as coisas ficam bonitas.
28. Árvores, postes, telefones, plantas e caixas de lixo são colocados no centro das calçadas, tornando-as intransitáveis. Isso é péssimo! Mas pior mesmo é nem ter calçada e obrigar os moradores da cidade a ter carro e a usá-los mesmo quando têm de atravessar a rua.
29. Você paga o triplo para os produtos que vão quebrar dentro de 1-2 anos, talvez ais.
30. Os brasileiros amam estar bem no seu caminho. Eles não dão espaço para você passar.
31. A melhor maneira de inspirar ódio no Brasil? Educadamente recusar-se a comer alimentos oferecidos a você. Nossa, eu ri muito com esse. Especialmente com pessoas do interior, recusar comida é de fato uma ofensa. Mas é compreensível porque a pessoa pensou em você, passou um tempo na cozinha, fez comida (não só juntou 4 latas e pronto) e você não quer prestigiar?! É chato mesmo.
32. As pessoas vão apertar e empurrar você sem pedir desculpas. No Brasil não tem a bolha que tem aqui nos EUA. As pessoas se encostam, se tocam mesmo e para elas isso não é nada demais. Eu prefiro o modelo americano, acho que me adaptei ao estilo e gostei. Nunca gostei de tanta gente me tocando.
33 . O Brasil é um país de 3° mundo com preços ridiculamente inflacionados para itens de qualidade.
34. A infidelidade galopante.
35. Zero respeito aos pedestres. Esses dias a gente estava conversando com um casal de português e o marido queria mudar para o Brasil. Na primeira visita, na primeira vez que ele foi atravessar a rua, ele desistiu da mudança. Europeu está acostumado aos carros pararem na faixa, do jeito que deveria ser.
36. Quando calçadas estão em construção espera-se que você ande na rua.
37. Nem pense em dizer a alguém quando você estiver viajando para o EUA.
38. A menos que você goste muito de futebol ou reality shows (ou seja, do Big Brother), não há nada muito o que conversar com os brasileiros em geral. Nossa, o círculo social dessa pessoa era muito ruim mesmo. Eu detesto futebol e BBB e conheço muita gente igual. No entanto, aqui em Bham, se não for religião, caça ou futebol americano...sobra quase nada para conversar. (pergunta do marido: só sobra o quê?)
39. Tudo é construído para carros e motoristas, mesmo os carros sendo 3x o preço de qualquer outro país.
40. Todas as cidades brasileiras  são feias, cheias de concreto, hiper-modernas e desprovidas de arquitetura, árvores ou charme. A maioria é monótona e completamente idênticas na aparência. Qualquer história colonial ou bela mansão antiga é rapidamente demolida para dar lugar a um estacionamento ou um shopping center. Nossa, achei isso uma mentira. Com exceções como a Califórnia e a Flórida, os estados são iguais. As ruas são iguais, as casas são iguais. É tudo muito igual! Um dia eu havia falado isso com a Carol, em uma foto que ela postou. Eu acho as coisas aqui sem cor nenhuma, tudo muito padronizado. Eu sei que infelizmente no Brasil a gente não cuida muito do nosso patrimônio cultural, mas acho que esse americano deveria visitar os interiores, tem muita coisa colonial...tem até castelo na Bahia

22/12/2013

No táxi alabamense

Aí que depois de horas de voo, duas escalas, uma mala perdida, conseguimos sair do aeroporto de Bham. Chegamos na fila do táxi e simplesmente o taxista não se mexia. A gente não sabia se poderia entrar no carro, ficou aquela coisa. O taxista, que no caso era uma mulher, estava tão ligada no celular que esqueceu dos passageiros. Tá, ela abre o porta-malas, marido coloca as coisas dentro, dá o endereço e a senhora simplesmente não sabe como chegar no hotel. Um dos poucos hotéis grandes da região. Ela não tem GPS, mas marido vai dizendo todos os detalhes. Claro que ela tinha um casaco de pele gigante pendurado no banco e meu pé enroscou nos bolsos, de tal forma, que eu fiquei presa. Daí, entramos e a moça estava escutando música gospel. Ela aumenta a música de tal forma que eu não consigo escutar meu próprio pensamento. Eventualmente, ela abaixa e faz um comentário (infelizmente eu não entendo quase nada que ela fala). Aí, ela aumenta a música e começa a cantar junto, as mãos saem do volante e "ajudam" na cantoria. Meu medo é saber se ela está com os olhos abertos, porque é assim que a gente vê as cantoras fazendo né. Ah, eu falei que ela estava com o pirulito na boca e fica estalando, tipo tchan, tchan, chupando a porcaria do pirulito? Coisa que me da raiva. Sim, ela tinha literalmente uma bacia de doces (juro que não estou exagerando). A situação era tão esquisita, mas engraçada ao mesmo tempo que meu marido ficava me cutucando e eu tinha que ficar olhando para a rua para não ter um ataque de riso, daqueles que não para nunca. Para completar, na hora de pagar a corrida, a taxista tinha unhas tão gigantescas que levou horas para ela conseguir digitar o valor no celular. O que eu poderia falar, welcome to Bham (3 and a half years down and only six months to go!!!).

Como ela estava se sentindo....

09/12/2013

Do meu coração que resolveu acompanhar o ritmo do Alabama e sobre o sistema de saúde americano para casos "graves"

(Ps: esse post contem palavrão)

Eu já falei que não gosto do sistema de saúde americano. E se você procurar nos blogs dos expatriados, acho que a maioria é categórica em dizer que o negócio é ruim. Porém, nunca tinha visto relato de alguém que tinha um problema de saúde grave, daqueles com risco de morte mesmo. Bom, no ano passado, meu marido foi ao médico com uma queixa e lá foi diagnosticado com outra coisa. Coisa séria mesmo. O quadro dele estava tão grave que por pouco ele não tinha entrado em coma. Bom, ele foi para consulta e saiu com a medicação em mãos, com aulas marcadas para aprender a administrar a doença, com médico marcado etc. Nossa, foi excelente! E no meu caso foi parecido. Eu acho que para coisas mais graves, o sistema é bom.

Eu tinha dito que estava com um probleminha no coração, mas o cardiologista não conseguiu achar nada e me mandou para outro especialista. Fui para o Brasil e deixei para resolver essa questão na volta. A consulta foi no dia 12 de junho e só pra variar, eu estava sozinha. Fui atendida pela enfermeira, um amor de pessoa. Daí ela disse a palavra "cirurgia" e eu pensei "não vou me preocupar porque ela não é médica". A verdade é que eu estava tensa, mas esperançosa e sei que as enfermeiras sabem do que falam. O médico entra, senta virado pra mim e eu já pensei "fudeu! Se os médicos mau olham pra gente, ele sentando assim perto, olhando no meu olho...a coisa é séria!". Não era assim sério que eu iria morrer naquele momento. Aparentemente, meu coração estava batendo devagar, uma arritmia qualquer e eu precisava de um procedimento (agora é fácil diminuir a gravidade). Ele repetiu mil vezes que não era cirurgia, que era algo simples, que medicação não funciona bem etc. Eu parei de prestar atenção e quase chorei, mas pedi para ligar para meu marido.

Mandei uma mensagem para o pager do marido com algo do tipo "terei que fazer cirurgia, liga agora", pra ele não ter dúvida de que a coisa estava tensa. Marido estava finalizando um evento em outro departamento, mas conseguiu me ligar. Ele atravessou o hospital ao meu encontro e esperamos o médico voltar para explicar tudo para meu marido. Mas pra mim essa foi a pior parte, porque né, meu marido começou a perguntar das chances de eu ter um derrame (e eu pensei, nossa, nem sabia que poderia acontecer isso), um monte de estatística e dúvidas médicas. Aí sim eu fiquei nervosa. Na minha cabeça só vinha "puta que pariu! E se eu morrer sem conhecer Paris?". Assim, eu não gosto de saber os riscos, se tenho que fazer mesmo, só quero saber o que eu preciso fazer para que obtenha os melhores resultados. Ficar entrando nos detalhes negativos aumenta muito minha ansiedade. Marido iria para Austrália em 2 dias e resolveu cancelar a viagem. Eu disse que não, que estava bem. Mas aí, quando ele me deixou no carro, eu chorei, chorei...aqueles 10 minutos de desespero que são necessários para eu me reestruturar.

Sorte minha que Luffy tinha chegado na noite anterior, pois ficamos os dois aqui enquanto marido estava na Austrália. Depois do susto, passei uns dias até decidir mesmo se faria o tal procedimento (ablação) e resolvi colocar no youtube para ouvir a experiência de outras pessoas. Ô arrependimento!

O médico não queria fazer logo, mas marido queria que eu fizesse em junho porque o fellow estaria se formando, se eu fosse fazer em julho, iria pegar alguém sem experiência. Resultado, marido marcou a data e quem fez foi o próprio médico, já que era a última semana de aula e os fellows estavam de mudança e não mais no hospital. Eu claro, nem tinha pensado nisso. Como era São João, meus pais estavam viajando e  eu resolvi não falar nada pra não estragar os festejos. Falei com algumas amigas e só. Não gosto de ficar pensando muito nessas coisas. Deixo a ansiedade para a hora mesmo.

A grosso modo, meu coração estava batendo devagar e com um batimento extra. Se o normal é TUM-TUM o meu estava tum-tum-TUM. Os exames mostraram que fora isso, meu coração estava bem saudável, só havia um batimento extra e era do lado direito, portanto o médico iria usar a veia para o procedimento e não a artéria. O que diminui as chances de coisas ruins. Esse procedimento consta em colocar uns fios pelo vaso da virilha, chegar até o coração e queimar as células doidas que estavam fazendo meu coração bater errado e devagar (tipo uma cauterização). A UAB mandou todo material explicando o procedimento, bem como a medicação que precisaria tomar antes (pense numa coisa amarguenta e ruim), pelo correio. Eu poderia ligar ou mandar email para o médico se quisesse tirar alguma dúvida. Chegamos no hospital com minha sacolinha pronta para passar a noite lá, caso fosse necessário.

Me senti uma estrela porque nunca antes nessa minha vida tinha visto tanta gente tomando conta de mim. O anestesista veio trocar uma palavra, depois veio uma enfermeira, depois um enfermeiro veio colocar um acesso, mas chegou um professor com uma aluna de enfermagem de último ano e duas do começo do curso. Daí eles pediram a minha autorização para que a estudante tirasse meu sangue. A UAB é um hospital universitário e esse é o único jeito de se aprender. Eu concordei, mas disse que ela teria uma única chance. Ela conseguiu. Nesse tempo, chegou a enfermeira do médico que fez o procedimento junto com ele. Eram 9 pessoas no quarto! Saiu todo mundo, meu marido entrou e logo em seguida fui para a sala do procedimento com outros 2 enfermeiros. Eu gostei de todo mundo. A equipe era bem brincalhona e engraçada. Cheguei na sala do procedimento. Tinham 5 pessoas lá e o médico ainda iria chegar. Pedi uma coberta, eles colocaram uma aquecida. Aí me ligaram a trezentos fios e começaram a anestesia. Nossa, uma sensação deliciosa! Apaguei. No final, lembro de ter chorado e alguém me perguntar o motivo de estar chorando e eu pensando "nossa! Eu estou chorando porquê?" (depois o médico disse que é comum por conta da anestesia, mulheres jovens chorar). Quando acordei, meu marido foi me dar um beijo rápido e voltou ao trabalho. Eu teria que ficar com a perna esticadinha por 6 horas. Nessa altura, estava alucinada de fome. Já tinha quase 20 horas em jejum! Eles me deram um refrigerante e um sanduiche (leia pão gelado, maionese, queijo e presunto) que eu comi afoitamente. Fiquei esperando meu marido acabar de trabalhar e ir lá ficar comigo. Quando ele chegou, o médico veio conversar e falar sobre o procedimento. Graças a Deus, recebi alta no mesmo dia. A recuperação é tranquila, com algumas dores na perna e o coração demorou muitos dias para se recuperar, mas ó, estive no cardiologista esses dias e ele me deu alta da cardiologia. Fiquei muito feliz e vamos comemorar em Paris, porque né, eu que não vou esperar outro susto desses para conhecer a cidade.

PS: encontrei esse post na pasta do rascunho. É tão bom estar aqui em na Europa e saber que esse problema está no passado.

03/12/2013

"Restaurante que brasileiro gosta"

E foi assim que eu fui apresentada a duas redes de restaurante, o Olive Garden e o cheesecake factory. Eu testei os dois e venho compartilhar aqui com vocês.
Olive Garden
Todo mundo que conheço ficava falando da tal da salada que é de graça (você come a vontade). Mas assim, a salada não tem nada de especial, tem folha, uns tomates, cenoura, cebola e pronto. O restaurante é italiano e como é uma rede, a comida é congelada. Sinceramente, se for para comer comida congelada e salada de folha, vou ao mercado e compro tudo por lá. Eu não estou dizendo que a comida é ruim, mas também não tem nada de especial. Fora que o molho de tomate usado é industrializado (cheio de açúcar!) e infelizmente meu estômago é muito sensível para isso. Fui 3 vezes e desisti. É um restaurante barato, que pode cair como uma luva para quem viaja e tem um orçamento apertado, mas prefiro outros cantos.

Cheesecake Factory
Já cheguei na porta do restaurante algumas vezes e nunca me animei para entrar. Primeiro porque acho meio caro para um restaurante de rede, segundo porque fico desconfiada quando o menu do lugar tem 10 páginas e vende comida mexicana, italiana, carne etc. Não existe um lugar do mundo que sirva “tudo”, digo, milhares de itens de “tudo” e seja bom. Mas ai minhas amigas me chamaram e eu arrisquei. Minha nossa senhora, eu passei muito mal. Tipo muito mal mesmo. Pedi uma massa com molho à bolonhesa. O molho estava cheio de pimenta, alho e mil coisas. Eu me senti comendo comida indiana e o estrago que a comida fez foi igual quando eu como comida indiana! Minhas amigas gostaram das escolhas que fizeram. Eu vou voltar lá e  pedir outra coisa, talvez tenha escolhida o pior prato do restaurante. Em relação à sobremesa, eles tem milhares de sabores de cheesecake. Uma tortura ter de escolher só um. Pedimos o de abacaxi e um de chocolate branco com avelã (eu acho). Eu adorei o cheesecake! Assim, não gostei como cheesecake em si, já comi melhores, mas gostei como sobremesa diferente. O de abacaxi parece aquele bolo clássico de abacaxi que comemos no Brasil, só que como é um cheesecake, a massa fica muito macia. Parece um bolo super, hiper, ultra fofo. Delicia! O outro, apesar de não ser fã de chocolates branco, gostei bastante. Esse aqui já é mais caro que o Olive Garden e se eu estivesse com um orçamento apertado, definitivamente não iria porque tem muito lugar melhor para comer por aqui. No entanto, é a rede que a Penny trabalha e os meninos do the Big Bang Theory vão jantar, então vale pela experiência :)
Será que eu não gosto de nenhum restaurante de rede aqui?
A verdade é que prefiro restaurantes que não sejam de rede, com a comida fresquinha. Se for restaurante "negócio de família", nossa, ganha meu coração. Mas tem duas redes que gosto bastante da comida por aqui. Primeiro tem o Macarroni Grill. Eles tem a melhor ciabata que já comi aqui e o molho de tomate “eh de verdade” (não é congelado, cada restaurante prepara o seu fresquinho do dia). Nada muito temperado, com tomate mesmo e meu estomago passa super bem. A segunda é a rede que mais gosto, o Village Tavern, eh uma rede menor, não tem tantas unidades espalhadas pelo país, mas é muito boa! Os molhos são frescos, o salmão é muito bom e o cheesecake é gigantesco e delicioso!
Ah, tem também o P. F. Chang's que é muito bom. Eu acho que tem restaurantes chineses mais baratos, mas eu me sinto bem confortável comento comida chinesa em um restaurante de rede.