1.
Estou eu deitada na maca, esperando para fazer o último exame no coração. Entra um técnico. Um amor de pessoa e começa a conversar. Primeiro ele fala que meu inglês é ótimo (score!), mas a melhor parte estava por vir. Aqui, todo profissional checa se você é você mesmo, normalmente perguntando seu nome e data de nascimento (lembre que a saúde aqui é uma linha de montagem, nesse dia, por exemplo, eu passsei por 4 profissionais diferentes). Neste caso, como eu fui deixada por outra técnica, ele só perguntou meu nome e colocou no sistema. Alguns segundos depois ele perguntou "diz aqui que você tem 29 anos, deve ter algo errado...é isso mesmo?", eu "não, está certo mesmo, 29 anos", ele "sério?! Você parece muito mais nova". Tem como não ficar feliz?! Daí eu me lembro que na sala de espera só tinha gente velhinha, afinal de contas, quantas pessoas com 29 anos precisam testar o coração? Talvez ele tenha me achado mais nova pelo tipo de referência que tem, né?
2.
Aí que eu fiz os três-mil-quinhentos-e-vinte exames no coração (fui para fazer 1 e o médico resolveu fazer mais, ai meu bolso!) e tive que retornar ao hospital para devolver a máquininha do
Holter. Como resolveu fazer "calor" (esquentou), lá vou eu atravessando o hospital (do estacionamento dos médicos até o consultório são 15 minutos andando rápido DENTRO do hospital, será que é grande isso aqui?), daí avisto o lugar de doação de sangue e penso "será que eu não faço a doação hoje?".
Veja bem, doar sangue regularmente está na minha lista de coisas para fazer desde sempre, mas o medo da agulha e as desculpinhas estão sempre presentes. Daí, entreguei a parada e quando eu volto e passo em frente ao lugar de doação de sangue vem uma voluntária falar comigo sobre doação de sangue. Bom, eu fui doar né. (quando contei para marido, ele brigou por 10 horas "como você vai doar, sem saber qual o seu problema?", eu acredito que não seja nada, então nem me preocupei com isso)
Espero 30 minutos para ser chamada, sou atendida por uma chinesa (depois descubro que ela é chinesa por parte de pai, francesa por parte de mãe e que cresceu nos EUA). Ora, chinês tem um sotaque muito carregado e eu sempre tenho um pouco de dificuldade de entender (não é que eu fique pedindo para ela repetir as coisas, eu consigo entender com esforço- o mesmo que os americanos devem fazer quando eu falo). Aí ela pediu minha identidade. Ficou olhando, olhando,olhando e resolveu me perguntar qual era meu último nome e o primeiro. Ela simplesmente não conseguiu identificar...perguntou minha data de nascimento, eu disse..e perguntou meu endereço. Todas as informações estão presentes na minha carteira de motorista, mas né, porquê ele me pediu a dita cuja e ficou perguntando tudo, só Freud para explicar.
Vou dizer que não tive boa impressão da moça, ela estava com um jaleco podre de sujo e eu só ficava pensando na quantidade de oxiclean para limpar aquilo. Daí ela fala "você é caucasiana né?", eu "sim, mas eu sou latina também" (aqui nos EUA eles fazem um mangue com essas coisas). Ela "jura?! Você não tem sotaque nenhum. Se você não falasse, eu jamais saberia", aí eu não me aguentei e ri, ri e ri. Tipo hello? Sério gente, meu inglês é ruim, eu praticamente não uso a língua (o speaking, o resto uso bastante) aqui, infelizmente. O negócio é que o inglês dela tem um forte sotaque chinês, eu mesma não diria que ela cresceu aqui nos EUA, já que o sotaque é bem carregado. Mas mesmo assim, achei legal o comentário.
Aí, vem a técnica de enfermagem - uma americana, bem alabamense, ou seja obesa- e pergunta de onde eu sou, eu digo que sou brasileir. Ela "que sotaque fofo você tem". Hunft!!!!
3.
O melhor vem por último. Deixei marido no aeroporto e voltei triste. Resolvo passar no Publix e enquanto aguardo minha vez na fila do caixa, tem um menino de uns 5 anos junto com seu pai e irmã, atrás de mim. Ele vai olhar os chocolates, bate a cabeça, conversa com a senhora que está na minha frente. Eu não dei muita atenção, estava procurando minha carteira. Daí, ele volta correndo para perto do pai e fala "papai, achei um garota bonita", o pai pergunta "ah, foi? Quem???", a criança, coisa fofa aponta para mim. Eu achei a coisa mais linda do mundo!! "Oooowwwnnn....Obrigada. Você tão novo derretendo o coração das moças, imagina quando crescer". Daí, o pai começa "é, eu também achei ela bonita e blá, blá, blá". Assim, o pai estava se fretando para a minha pessoa. Eu achei aquilo tão absurdo que nem atenção dei. Nesse caso, eu vou acreditar que sou uma pretty girl, só porque ele era muito novinho para mentir, mas que ficou parecendo que o pai disse "filho, vê se você acha uma mulher bonita no mercado para mim, por favor", ah ficou.