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20/05/2013

6 cidades em 7 dias

E o que posso dizer:

O Rio de Janeiro continua lindo, na verdade, muito mais lindo do que eu lembrava
Salvador ainda é o coração do Brasil, A terra de Nosso Senhor  e óbvio, pedaço de terra que é meu
Rezei a novena de Dona Canô belamente cantada por Caetano e acompanhada pela minha pessoa favorita nesse mundo, minha mama querida
Ainda tive tempo de visitar meu pai na Princesa do sertão e jantar com primos e tia.

São tantas boas lembranças, tantos cheiros bons, muito suco de laranja feito na hora que de tão doce se recusa a receber açúcar. Já comi carne do sol com pirão de leite, filé e mingau de farinha láctea. Já fiz amizades nas milhares de filas  que peguei. Já senti o cheiro do mar. Tou aqui matando a saudade das coisas boas e de boa parte de mim.

Deixo um abraçasso para quem passa aqui e essa música que lembra minhas férias na Ilha de
Itaparica quando criança e que Caetano cantou lindamente, me deixando arrepiada e com lágrimas nos olhos. O vídeo não está assim tão bom, mas foi essa versão que ouvi lá e o "pagodinho" do início me lembrou muitos intervalos no Integral. Tão bom me reencontrar comigo, com meu passado e com minha família!


14/05/2013

Pulinho em Gainesville

Marido começou as entrevistas para o fellowship (o resultado só sairá em setembro, até lá, imagina a minha expectativa). A única cidade pequena que marido aplicou foi Gainesville  porque ele fez um curso com o chefão do departamento e gostou bastante. Não é segredo que o meu desejo é mudar para uma cidade grande, enorme e barulhenta, logo não gostei da opção. Tá que é na Flórida (umas 2 horas de Orlando) e perto de Salvador, mas a cidade é 10 vezes (literalmente) menor que B'ham e região, fora que 50% da população é formada de estudantes. Bom, são quase 8 horas de viagem daqui até lá e passamos a nossa quinta-feira na estrada. Como marido se atrasou, ele teve que correr e tirou 1 hora e meia desse tempo. Chegamos lá faltando 20 minutos para o compromisso dele, só com o café da manhã na barriga (e uns poucos lanchinhos). Pense na correria?

Eu quero registrar aqui a aventura de embarcar nessa estrada. Fomos para a roça da roça no Alabama. Os poucos outdors/propagandas que tinham falavam de outlet de roupa country, propaganda para evitar gravidez na adolescência e propaganda para se divorciar com preço baixo. Na estrada, só tinha fazenda e muitos bichos. Também havia umas florzinhas fofas enfeitando a visão dos viajantes. Nessa hora eu pensei “nossa, poderia ser muito pior! Já pensou eu morando num lugar desses?!”. Daí, marido foi abastecer (a nossa única parada da viagem) e eu no meio de um cochilo não sabia se a gente já tinha chegado na Flórida ou ainda estávamos no Alabama. Olho para o carro ao lado e..

Sorria, você está no Alabama!
Esse estava caro, encontramos por $199


A certeza de ter chegado na Flórida só veio quando a estrada se tornou um tapete e o carro ficou todo manchado de lovebugs amassados (nessa época do ano, esses bichos infestam a região, a frente do carro ficou super suja e no segundo dia, mal dava para enxergarmos enquanto dirigíamos (paramos para lavar tudo). O mais estranho é que eles voavam em dupla, o bumbum de um colado com o do outro. Depois fiquei sabendo que está na época de acasalamento e eles não param de voar nem para “trabalhar”. O negócio é sério.
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Besouro-do-amor
 A Michelle havia me falado que Gainesville é uma cidade pequena e charmosa e é verdade. Parece uma cidade de varaneio, pequena, com muitos jovens, gente andando de bicicleta, scooters. A velocidade máxima no campus é 20/MPH. A gente dirige quase parando. Se quiser acelerar, vai pagar multa, pois tem guardinha escondido atrás de tudo que é árvore.

Lá tem cor: casas coloridas de diversos modelos, muitos villages (townhomes) fofos e as pessoas vestem roupas coloridas e diferentes. Não tem muito padrão. Vi casais andando de mãos dadas e se abraçando. Vi casais misturados. Vi muito mais gente magra que gorda. Lá a galera é muito relaxada, bem “ninhuma” como dizemos em Salvador. A bolha individual é muito menor que a do Alabama e as pessoas são mais zuadentas. Lá tem crocodilo, tem tartaruga, morcego também e até sapo! Mas as pessoas aprenderam a conviver com isso, assim eu acho, tendo em vista que ninguém deu muita atenção aos bichos (no sentido de medo). O mais incrível foi um casal sentado à beira do lago cheio de crocodilos, quase as 9hs da noite. Juro!! Ah, lá o custo de vida é menor que aqui e fica menos de 1 hora da praia.

Na sexta, enquanto marido estava na entrevista, fiquei batendo perna pela cidade (no sentido figurado, eu fiquei foi dirigindo mesmo). No final do dia, marido chegou e fomos passear no lake Alice e ver os morcegos saindo da casa (acredite, estava lotado de gente fazendo isso)

Moradores do lake Alice
Esse aqui era grande e assustador, resolvi ir embora porque fiquei realmente assustada


Centenas de morcegos indo para a night
 
Mas foi no sábado que realmente tiramos nosso dia de folga. Fomos ciceroneados pela Vanessa, uma baiana também que entrou em contato comigo através do blog para tirar algumas dúvidas sobre o processo de mudança dela para Gainesville.

[Muito legal tornar real algo que começamos pela internet. Até hoje, conheci 3 pessoas e gostei de todas (falta eu descrever o jantar com a Tereza aqui, mas estou aguardando a inspiração bater, pois ela mostrou uma visão diferente do Alabama que vale a pena virar post). Se tudo ocorrer bem, em junho ou julho, parto para conhecer uma quarta pessoa na parte norte do país.]

Ela sugeriu um churrasco em um parque (Blue Springs Park). Ela fez arroz, feijão tropeiro, salada de batata e vinagrete. Levamos a carne e pronto. Para a festa ficar completa, a Vanessa levou uma brasileira recém-chegada, o marido e um amigo. Nossa, foi muito legal! Eles são super engraçados. Lembrei bastante dos nossos amigos e família no Brasil. Tudo que você fala, vira piada, sabe? Muito legal. A Vanessa é bióloga e me garantiu que naquela água, crocodilo não vive (mas ela foi clara quando salientou que não seria impossível encontrar um perdido). Pense em um lugar bacana. O sol estava fraco e a temperatura da água é sempre 20C, o que não é assim tão frio, mas para quem está acostumado com as águas quentinhas das praias baianas, é muito frio! Vanessa e o marido entraram no time “mudem para Gainesville” e fizeram a melhor propaganda da cidade possível. Depois do banho gelado, fomos ao museu e finalizamos o passeio no estádio dos gators.

A água não estava tão azul, pois estava meio nublado, mas ô lugar bonito!

Água cristalina
As tartarugas tomando um solzinho (nessa parte, o rio já era rico em ferro e não era para banhistas humanos)
Entrando no clima no estádio dos gators
Passamos na casa da Vanessa e ela ofereceu doce de leite de Viçosa. E eu aceitei, né, mas foi um erro já que de agora em diante, todo doce de leite que eu comer não vai ser tão bom assim. Nossa, que negócio gostoso, sô! Voltamos para o hotel mortos de cansado e nos preparamos para mais 8 horas de viagem de carro (mas dessa vez, mudamos a rota e passamos em Marietta para saborear a comida brasileira- que estava ruim, por sinal).

Um visitante querendo nos dar tchau (inhecati!)


06/05/2013

Dos caminhos profissionais

Não é segredo para ninguém que trabalho como pesquisadora assistente aqui nos EUA . Também já comentei que adoro minha chefe. Ela é uma profissional maravilhosa e um ser humano ainda melhor (não, ela não lê meu blog). Sabe aquela pessoa que confia no seu (no caso no meu) trabalho? Que pede sua opinião sobre coisas que ela sabe que você não sabe? Que ouve de verdade você? Fora que é uma excelente professora. Daí que uns meses atrás, submetemos um artigo que foi recusado (Kuén, mas super normal na área acadêmica, já fizemos umas correções e já foi aceito por outro journal) e do nada, a mesma revista me contactou para revisar um artigo. Para quem não é da área acadêmica preciso esclarecer que esse convite é algo de prestígio, mas não ganha dinheiro (minha irmã sempre pergunta isso).  Terei outra coisa para colocar no meu CV e algo bem importante principalmente porque essa revista é a primeirona na área (ponto de impacto bem alto). Isto significa que de alguma forma, os editores acham que eu sou capaz de revisar o trabalho de um colega (eu iria dar o parecer se o artigo deveria ou não ser publicado, junto com a opinião de outro revisor). Eu acho "chique" e fiquei feliz com o convite. Mas o tema não era assim exatamente na minha área e deu um medinho. Marido disse para eu aceitar e minha chefe disse que me ajudaria no trabalho.

http://www.nature.com/naturejobs/science/articles/10.1038/nj7289-800a


Com frio na barriga, eu disse sim. Daí que eu entendi que eles me enviariam uma cópia do artigo e estava tranquila, mas eu recebi foi um email lembrando que eu teria uma semana para finalizar a revisão. Ou seja, perdi 3 semanas esperando porque entendi errado. O artigo era sobre leis ligadas ao tabagismo. O palavreado era phoda porque né, muita palavra estranha na área jurídica. Eu trabalho na área de tabagismo, mas nunca me aprofundei sobre policy. Li tanto sobre o assunto porque queria ser justa no meu parecer. Minha chefe acabou não me ajudando devido a um problema de família e lá fui eu, na cara e na coragem (mentira, eu estudei muito para isso). Entreguei a revisão e hoje recebo um email com a revisão do outro editor e o parecer do artigo. Fiquei muito orgulhosa do meu trabalho, bem detalhado e muito bom!

Desse causo, eu aprendi que não devo odiar tanto os revisores, eles são gente como a gente. (Quem nunca odiou editor que atire o journal mais recente!).

E a vida danada me empurrar para o PhD e eu teimosa miro o PsyD. Contando os minutos para saber para qual lugar iremos mudar e começar todas as provas e aplicações para o doutorado. Falando nisso, marido tem 6 entrevistas agendadas (a primeiroa é amanhã e é a minha favorita, torçam por ele e por nós!!) e em todas essas cidades tem um PsyD próximo (só na Flórida que esse "próximo" significa 1 hora de estrada, mas marido disse que a gente moraria no meio do caminho, porque ele é ixxxperto e diante das opções voltar ao Brasil ou eu fazer o PsyD em um lugar distante, ele fica com a segunda sem nem piscar).