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30/12/2013

A visao deles e os meus comentarios

Vi esse post aqui e fiquei com tanta vontade de comentar. Um americano que morou no Brasil criou uma lista dos motivos pelos quais ele odiou morar no Brasil. A lista é ainda maior se você entrar no site americano, abaixo eu cortei os comentários de forma que só a parte principal fica aqui para o post não ficar tão gigantesco. Se quiser ler os detalhes, vai lá no post (o link está acima). Meus comentários estão em vermelho e o que eu achei mais interessante é que muita das coisas que ele critica do Brasil, eu vivencio aqui nos EUA. Além disso, pra mim a pior coisa do Brasil é a violência (e todo medo que passamos por conta desse fato) e isso ele não citou


1. Os brasileiros não têm consideração com as pessoas fora do seu círculo de amizades e muitas vezes são simplesmente rudes. Tudo bem que normalmente americano não é rude, eles são super amigáveis, mas sinceramente eles não consideram ninguém fora do seu círculo. Moro há quase 4 anos aqui e não temos nenhum amigo americano. Nenhum!Por exemplo, um vizinho que toca música alta, mesmo se você vá pedir-lhe educadamente para abaixar o volume. Isso é verdade, nos EUA eles se preocupam muito com o espaço alheio, no Brasil não.
2. Os brasileiros são agressivos e oportunistas, e, geralmente, à custa de outras pessoas. O melhor exemplo é o transporte público. Se eles vêem uma maneira de passar por você e furar a fila, eles o farão, mesmo que isso signifique quase matá-lo, e mesmo se eles não estiverem com pressa. Infelizmente na nossa cultura, tirar vantagem é algo positivo. No entanto, nas cidades grandes americanas, eu vejo um trânsito violento também.
3. Os brasileiros não têm respeito por seu ambiente. Eles despejam grandes cargas de lixo em qualquer lugar e em todos os lugares, e o lixo é inacreditável. No Brasil, principalmente nos bairros mais pobres, a questão do lixo é terrível. Mas aqui não tem muita coleta seletiva. Eu e marido separamos as coisas e vamos entregar em postos específicos, então muita gente não separa o lixo (dá trabalho!). Lembro que uma colega alemã, em uma aula qualquer estava contando horrorizada a questão do lixo aqui e disse algumas vezes que aqui o sentido de reciclar e coleta seletiva é horrível.
4. Brasileiros toleram uma quantidade incrível de corrupção nos negócios e governo.
5. As mulheres brasileiras são excessivamente obcecadas com seus corpos e são muito críticas (e competitivas com) as outras. Ahahahaha, é parar rir? Tá, tudo bem que aqui o pessoal sai de pijama, mas a cara está toda pintada e os cabelos impecáveis. A diferença em relação a competição é que a educação americana não permite você falar o que pensa, então a competição é velada no sentido de beleza. Em todos os outros sentidos como notas, melhor isso, melhor aquilo, a competição é vivida intensamente. Eu vejo as colegas do meu marido, magras, super magras, fazendo dietas mirabolantes e postando fotos, digamos, sensuais no FB. Igual eu vejo no Brasil (isso também inclui uma bolsa "de marca", um lugar V.I.P., preço de alguma coisa etc).
6. Os brasileiros, principalmente os homens, são altamente propensos a casos extraconjugais.
7. Os brasileiros são muito expressivos de suas opiniões negativas a respeito de outras pessoas. Nossa, depois que mudei para os EUA, percebi como isso é verdade. No Brasil as pessoas se acham no direito de falar o que pensam e isso não é muito legal. Fico imaginando o susto e o desconforto que deve ser para um americano ter de lidar com isso.
8. Brasileiros, especialmente as pessoas que realizam serviços, são geralmente malandras, preguiçosas e quase sempre atrasadas. Quase sempre? Não concordo. Acho que a questão do atraso é correto. No Brasil atraso é muito tolerado, mas dizer que são malandros e preguiçosos, acho difícil. Minha experiência aqui, em relação a atraso também não é das melhores, embora não seja igual ao Brasil, é bem ruim também.
9. Os brasileiros têm um sistema de classes muito proeminente. Os ricos têm um senso de direito que está além do imaginável.
10. Brasileiros constantemente interrompem o outro para poder falar. Tentar ter uma conversa é como uma competição para ser ouvido, uma competição de gritos.A gente de fato fala mais alto que os americanos, mas não acho que falamos ao mesmo tempo não. Talvez esse americano não seja fluente em português e por isso tenha se incomodado com a rapidez das conversas. Eu vejo isso aqui. Numa conversa "normal", as vezes um interrompe o outro para falar algo, mas se for uma conversa entre amigos e nossa, se estiver rolando álcool,  é igual ao que vemos no Brasil.
11. A polícia brasileira é essencialmente inexistente quando se trata de fazer cumprir as leis para proteger a população.
12. Os brasileiros fazem tudo inconveniente e difícil. Nada é simplificado ou concebido com a conveniência do cliente em mente, e os brasileiros têm uma alta tolerância para níveis surpreendentes de burocracia desnecessária e redundante. Com certeza absoluta esse americano não é do Alabama. Eu conheci o real conceito de burocracia aqui nos EUA. Naquele nível de fazerem tudo errado, ferrarem com a sua vida e virarem para você com a maior cara de c% do mundo, com a frase  "I'm sorry", como se essa frase fosse resolver alguma coisa! E isso é outra coisa aqui, eles acham que falar "I'm sorry" é solução para tudo. Tem horas que dá vontade de matar!!!!
14. Está quente como o inferno durante nove meses do ano, e ar condicionado nas casas não existe aqui, porque as casas não são construídas para ser herméticamente isoladas ou incluir dutos de ar. Fora que a energia elétrica é absurdamente cara.
15. A comida pode ser mais fresca, menos processada e, geralmente, mais saudável do que o alimento americano ou europeu, mas é sem graça, repetitivo e muito inconveniente. Alimentos processados, congelados ou prontos no supermercado são poucos, caros e geralmente terríveis. Para mim esse foi o pior ponto que ele escreveu. Comparando a comida brasileira com a americana...não tem comparação. A comida aqui quase não leva tempero. Comida caseira para eles pode significar abrir 4 latas, colocar em uma panela e pronto. A comida congelada é horrível. Eu já testei e sempre passei mal. Dizer que é repetitivo é estranho. Normalmente os europeus que conheci falam o contrário, que no Brasil se faz comida demais por refeição. Comparando com refeições americanas, eu acho a comida no Brasil muito mais saborosa, mais cheia de possibilidades, as carnes são mil vezes melhores e a variação de pratos enorme. Talvez esse americano esteja falando de comidas em restaurantes. Aí eu concordo, com algumas poucas exceções de cidades, é difícil encontrar restaurante que sirvam comidas não-brasileiras (comparando com os EUA).
16. Os brasileiros são super sociais e raramente passam algum tempo sozinho, especialmente nas refeições e fins de semana. Eu sofro o contrário aqui e isso é só uma diferença de cultura. No meu trabalho tem uma copa com mesa e cadeiras. Minhas colegas esquentam a comida e cada uma volta para a sua sala para comerem sozinhas. Isso não aconteceria nunca no Brasil. A minha dificuldade aqui é que estou sempre sozinha.
17. Brasileiros ficam muito perto, emocionalmente e geograficamente, de suas famílias de origem durante toda a vida. Isso deve ser difícil para alguém que vem de uma cultura onde aos 18 anos você sai de casa e toma suas decisões sozinho. Eu gosto do jeito do Brasil. Gosto de ter minha mãe lá pra mim a qualquer hora. Acho tão estranho e até obsessivo a busca constante de privacidade dos americanos. Mas isso é questão de cultura mesmo, não há o que fazer.
18. Eletricidade e serviços de internet são absurdamente caros e ruins.
19. A qualidade da água é questionável.
20. E, finalmente, os brasileiros só tem um tipo de cerveja (aguada) e realmente é uma porcaria, e claro, cervejas importadas são extremamente caras.
21. A maioria dos motoristas de ônibus dirigem como se eles estivessem tentando quebrar o ônibus e todos dentro dele. Medo!!! Se isso assusta até brasileiro, imagina quem vem de fora. Esses dias minha irmã e minha mãe estavam turistando no Rio e mandaram uma mensagem para mim dizendo que o motorista do ônibus estava alucinado e os passageiros ficavam gritando e reclamando.
22. Calçadas no meu bairro são cobertos com mijo e coco de cães que latem dia e noite. Pô, não tem como controlar latido de cachorro. E olha, eu tenho certeza que aqui só não tem esse problema de cocô na calçada porque praticamente não tem calçada. Mas aqui no meu condomínio, tem muito cocô de cachorro. Muito mesmo! E não é nada raro a gente sair de casa e encontrar essa "jóia" literalmente na porta de casa.
23. Engarrafamentos de Três horas e meia toda vez que chove. Verdade, mas aqui é a mesma coisa. Quando neva ou quando chove a cidade pára. Claro que quando a chuva dá uma trégua, a coisa flui rápido. Diferente de Salvador.
24. Raramente as coisas são feitas corretamente da primeira vez. Você tem que voltar para o banco, consulado, escritório, mandar e-mail ou telefonar 2-10 vezes para as pessoas a fazerem o seu trabalho. Gente, meu marido foi tirar a permissão médica dele esses dias e contamos 14 ligações!!! Para eu tirar meu social, precisei ir lá mais de 15 vezes (literalmente). Nunca consegui renovar minha carteira de motorista na primeira tentativa. Meu marido foi fazer o fingerprint obrigatório para o conselho de medicina na policia de Bham e o policial fez errado. Juro! O trabalho é pintar os dedos e passar no formulário e o homem errou os dedos! Pior, ele conseguiu deixar ilegível o do amigo do meu marido e o órgão responsável não aceitou. Aqui eu nunca tirei um documento de primeira, nossos nomes são um problema porque eles não entendem que temos 2 sobrenomes e nenhum nome do meio. A gente comprou um carro e depois de uma semana de uso eles ligaram dizendo que o banco não havia aceitado o acordo e que teríamos que devolver o carro. E isso não representa nem 50% das coisas...então, como eu disse lá em cima, eu conheci o real conceito de burocracia aqui nessa birosca.
25. Qualidade do ar muito ruim. O ar muitas vezes cheira a plástico queimado. Isso é bem relativo a cidade que ele está. Se fosse em Salvador e falasse em cheiro de maresia ou sargaço, eu assinava embaixo.
26. Ir a Shoppings e restaurantes são as principais atividades. Não há nada pra fazer se você não gastar. Há um parque principal e está horrivelmente lotado. Em Salvador tem praia, em são Paulo tem muitas atividades gratuitas, no Rio também. Isso tem a ver com a cultura do grupo que ele se relacionou. No entanto, shopping é algo que brasileiro adora mesmo. Aqui em Bham, especialmente no inverno que não tem nada para fazer, é uma das poucas possibilidades. No verão tem muitos parques e tal, mas a maioria das atividades é focada para crianças ou esporte, ou seja, eu não aproveito muito.
27. O acabamento das casas é péssimo. Janelas, portas , dobradiças , tubos, energia elétrica, calçadas, são todos construídos com o menor esforço possível. Nossa, eu tenho a mesma crítica das casas daqui. Os americanos que adoram privacidade, por  conta do sistema de aquecimento/refrigeração a casa perde completamente o isolamento acústico. Você ouve o que é falado no quarto do andar de baixo. é bizarro! As casas sã feitas de madeira, o que ajuda na falta de isolamento acústico. Acho as coisas bem mal feitas também. Claro que se você paga caro, em qualquer lugar do mundo, as coisas ficam bonitas.
28. Árvores, postes, telefones, plantas e caixas de lixo são colocados no centro das calçadas, tornando-as intransitáveis. Isso é péssimo! Mas pior mesmo é nem ter calçada e obrigar os moradores da cidade a ter carro e a usá-los mesmo quando têm de atravessar a rua.
29. Você paga o triplo para os produtos que vão quebrar dentro de 1-2 anos, talvez ais.
30. Os brasileiros amam estar bem no seu caminho. Eles não dão espaço para você passar.
31. A melhor maneira de inspirar ódio no Brasil? Educadamente recusar-se a comer alimentos oferecidos a você. Nossa, eu ri muito com esse. Especialmente com pessoas do interior, recusar comida é de fato uma ofensa. Mas é compreensível porque a pessoa pensou em você, passou um tempo na cozinha, fez comida (não só juntou 4 latas e pronto) e você não quer prestigiar?! É chato mesmo.
32. As pessoas vão apertar e empurrar você sem pedir desculpas. No Brasil não tem a bolha que tem aqui nos EUA. As pessoas se encostam, se tocam mesmo e para elas isso não é nada demais. Eu prefiro o modelo americano, acho que me adaptei ao estilo e gostei. Nunca gostei de tanta gente me tocando.
33 . O Brasil é um país de 3° mundo com preços ridiculamente inflacionados para itens de qualidade.
34. A infidelidade galopante.
35. Zero respeito aos pedestres. Esses dias a gente estava conversando com um casal de português e o marido queria mudar para o Brasil. Na primeira visita, na primeira vez que ele foi atravessar a rua, ele desistiu da mudança. Europeu está acostumado aos carros pararem na faixa, do jeito que deveria ser.
36. Quando calçadas estão em construção espera-se que você ande na rua.
37. Nem pense em dizer a alguém quando você estiver viajando para o EUA.
38. A menos que você goste muito de futebol ou reality shows (ou seja, do Big Brother), não há nada muito o que conversar com os brasileiros em geral. Nossa, o círculo social dessa pessoa era muito ruim mesmo. Eu detesto futebol e BBB e conheço muita gente igual. No entanto, aqui em Bham, se não for religião, caça ou futebol americano...sobra quase nada para conversar. (pergunta do marido: só sobra o quê?)
39. Tudo é construído para carros e motoristas, mesmo os carros sendo 3x o preço de qualquer outro país.
40. Todas as cidades brasileiras  são feias, cheias de concreto, hiper-modernas e desprovidas de arquitetura, árvores ou charme. A maioria é monótona e completamente idênticas na aparência. Qualquer história colonial ou bela mansão antiga é rapidamente demolida para dar lugar a um estacionamento ou um shopping center. Nossa, achei isso uma mentira. Com exceções como a Califórnia e a Flórida, os estados são iguais. As ruas são iguais, as casas são iguais. É tudo muito igual! Um dia eu havia falado isso com a Carol, em uma foto que ela postou. Eu acho as coisas aqui sem cor nenhuma, tudo muito padronizado. Eu sei que infelizmente no Brasil a gente não cuida muito do nosso patrimônio cultural, mas acho que esse americano deveria visitar os interiores, tem muita coisa colonial...tem até castelo na Bahia

22/12/2013

No táxi alabamense

Aí que depois de horas de voo, duas escalas, uma mala perdida, conseguimos sair do aeroporto de Bham. Chegamos na fila do táxi e simplesmente o taxista não se mexia. A gente não sabia se poderia entrar no carro, ficou aquela coisa. O taxista, que no caso era uma mulher, estava tão ligada no celular que esqueceu dos passageiros. Tá, ela abre o porta-malas, marido coloca as coisas dentro, dá o endereço e a senhora simplesmente não sabe como chegar no hotel. Um dos poucos hotéis grandes da região. Ela não tem GPS, mas marido vai dizendo todos os detalhes. Claro que ela tinha um casaco de pele gigante pendurado no banco e meu pé enroscou nos bolsos, de tal forma, que eu fiquei presa. Daí, entramos e a moça estava escutando música gospel. Ela aumenta a música de tal forma que eu não consigo escutar meu próprio pensamento. Eventualmente, ela abaixa e faz um comentário (infelizmente eu não entendo quase nada que ela fala). Aí, ela aumenta a música e começa a cantar junto, as mãos saem do volante e "ajudam" na cantoria. Meu medo é saber se ela está com os olhos abertos, porque é assim que a gente vê as cantoras fazendo né. Ah, eu falei que ela estava com o pirulito na boca e fica estalando, tipo tchan, tchan, chupando a porcaria do pirulito? Coisa que me da raiva. Sim, ela tinha literalmente uma bacia de doces (juro que não estou exagerando). A situação era tão esquisita, mas engraçada ao mesmo tempo que meu marido ficava me cutucando e eu tinha que ficar olhando para a rua para não ter um ataque de riso, daqueles que não para nunca. Para completar, na hora de pagar a corrida, a taxista tinha unhas tão gigantescas que levou horas para ela conseguir digitar o valor no celular. O que eu poderia falar, welcome to Bham (3 and a half years down and only six months to go!!!).

Como ela estava se sentindo....

09/12/2013

Do meu coração que resolveu acompanhar o ritmo do Alabama e sobre o sistema de saúde americano para casos "graves"

(Ps: esse post contem palavrão)

Eu já falei que não gosto do sistema de saúde americano. E se você procurar nos blogs dos expatriados, acho que a maioria é categórica em dizer que o negócio é ruim. Porém, nunca tinha visto relato de alguém que tinha um problema de saúde grave, daqueles com risco de morte mesmo. Bom, no ano passado, meu marido foi ao médico com uma queixa e lá foi diagnosticado com outra coisa. Coisa séria mesmo. O quadro dele estava tão grave que por pouco ele não tinha entrado em coma. Bom, ele foi para consulta e saiu com a medicação em mãos, com aulas marcadas para aprender a administrar a doença, com médico marcado etc. Nossa, foi excelente! E no meu caso foi parecido. Eu acho que para coisas mais graves, o sistema é bom.

Eu tinha dito que estava com um probleminha no coração, mas o cardiologista não conseguiu achar nada e me mandou para outro especialista. Fui para o Brasil e deixei para resolver essa questão na volta. A consulta foi no dia 12 de junho e só pra variar, eu estava sozinha. Fui atendida pela enfermeira, um amor de pessoa. Daí ela disse a palavra "cirurgia" e eu pensei "não vou me preocupar porque ela não é médica". A verdade é que eu estava tensa, mas esperançosa e sei que as enfermeiras sabem do que falam. O médico entra, senta virado pra mim e eu já pensei "fudeu! Se os médicos mau olham pra gente, ele sentando assim perto, olhando no meu olho...a coisa é séria!". Não era assim sério que eu iria morrer naquele momento. Aparentemente, meu coração estava batendo devagar, uma arritmia qualquer e eu precisava de um procedimento (agora é fácil diminuir a gravidade). Ele repetiu mil vezes que não era cirurgia, que era algo simples, que medicação não funciona bem etc. Eu parei de prestar atenção e quase chorei, mas pedi para ligar para meu marido.

Mandei uma mensagem para o pager do marido com algo do tipo "terei que fazer cirurgia, liga agora", pra ele não ter dúvida de que a coisa estava tensa. Marido estava finalizando um evento em outro departamento, mas conseguiu me ligar. Ele atravessou o hospital ao meu encontro e esperamos o médico voltar para explicar tudo para meu marido. Mas pra mim essa foi a pior parte, porque né, meu marido começou a perguntar das chances de eu ter um derrame (e eu pensei, nossa, nem sabia que poderia acontecer isso), um monte de estatística e dúvidas médicas. Aí sim eu fiquei nervosa. Na minha cabeça só vinha "puta que pariu! E se eu morrer sem conhecer Paris?". Assim, eu não gosto de saber os riscos, se tenho que fazer mesmo, só quero saber o que eu preciso fazer para que obtenha os melhores resultados. Ficar entrando nos detalhes negativos aumenta muito minha ansiedade. Marido iria para Austrália em 2 dias e resolveu cancelar a viagem. Eu disse que não, que estava bem. Mas aí, quando ele me deixou no carro, eu chorei, chorei...aqueles 10 minutos de desespero que são necessários para eu me reestruturar.

Sorte minha que Luffy tinha chegado na noite anterior, pois ficamos os dois aqui enquanto marido estava na Austrália. Depois do susto, passei uns dias até decidir mesmo se faria o tal procedimento (ablação) e resolvi colocar no youtube para ouvir a experiência de outras pessoas. Ô arrependimento!

O médico não queria fazer logo, mas marido queria que eu fizesse em junho porque o fellow estaria se formando, se eu fosse fazer em julho, iria pegar alguém sem experiência. Resultado, marido marcou a data e quem fez foi o próprio médico, já que era a última semana de aula e os fellows estavam de mudança e não mais no hospital. Eu claro, nem tinha pensado nisso. Como era São João, meus pais estavam viajando e  eu resolvi não falar nada pra não estragar os festejos. Falei com algumas amigas e só. Não gosto de ficar pensando muito nessas coisas. Deixo a ansiedade para a hora mesmo.

A grosso modo, meu coração estava batendo devagar e com um batimento extra. Se o normal é TUM-TUM o meu estava tum-tum-TUM. Os exames mostraram que fora isso, meu coração estava bem saudável, só havia um batimento extra e era do lado direito, portanto o médico iria usar a veia para o procedimento e não a artéria. O que diminui as chances de coisas ruins. Esse procedimento consta em colocar uns fios pelo vaso da virilha, chegar até o coração e queimar as células doidas que estavam fazendo meu coração bater errado e devagar (tipo uma cauterização). A UAB mandou todo material explicando o procedimento, bem como a medicação que precisaria tomar antes (pense numa coisa amarguenta e ruim), pelo correio. Eu poderia ligar ou mandar email para o médico se quisesse tirar alguma dúvida. Chegamos no hospital com minha sacolinha pronta para passar a noite lá, caso fosse necessário.

Me senti uma estrela porque nunca antes nessa minha vida tinha visto tanta gente tomando conta de mim. O anestesista veio trocar uma palavra, depois veio uma enfermeira, depois um enfermeiro veio colocar um acesso, mas chegou um professor com uma aluna de enfermagem de último ano e duas do começo do curso. Daí eles pediram a minha autorização para que a estudante tirasse meu sangue. A UAB é um hospital universitário e esse é o único jeito de se aprender. Eu concordei, mas disse que ela teria uma única chance. Ela conseguiu. Nesse tempo, chegou a enfermeira do médico que fez o procedimento junto com ele. Eram 9 pessoas no quarto! Saiu todo mundo, meu marido entrou e logo em seguida fui para a sala do procedimento com outros 2 enfermeiros. Eu gostei de todo mundo. A equipe era bem brincalhona e engraçada. Cheguei na sala do procedimento. Tinham 5 pessoas lá e o médico ainda iria chegar. Pedi uma coberta, eles colocaram uma aquecida. Aí me ligaram a trezentos fios e começaram a anestesia. Nossa, uma sensação deliciosa! Apaguei. No final, lembro de ter chorado e alguém me perguntar o motivo de estar chorando e eu pensando "nossa! Eu estou chorando porquê?" (depois o médico disse que é comum por conta da anestesia, mulheres jovens chorar). Quando acordei, meu marido foi me dar um beijo rápido e voltou ao trabalho. Eu teria que ficar com a perna esticadinha por 6 horas. Nessa altura, estava alucinada de fome. Já tinha quase 20 horas em jejum! Eles me deram um refrigerante e um sanduiche (leia pão gelado, maionese, queijo e presunto) que eu comi afoitamente. Fiquei esperando meu marido acabar de trabalhar e ir lá ficar comigo. Quando ele chegou, o médico veio conversar e falar sobre o procedimento. Graças a Deus, recebi alta no mesmo dia. A recuperação é tranquila, com algumas dores na perna e o coração demorou muitos dias para se recuperar, mas ó, estive no cardiologista esses dias e ele me deu alta da cardiologia. Fiquei muito feliz e vamos comemorar em Paris, porque né, eu que não vou esperar outro susto desses para conhecer a cidade.

PS: encontrei esse post na pasta do rascunho. É tão bom estar aqui em na Europa e saber que esse problema está no passado.

03/12/2013

"Restaurante que brasileiro gosta"

E foi assim que eu fui apresentada a duas redes de restaurante, o Olive Garden e o cheesecake factory. Eu testei os dois e venho compartilhar aqui com vocês.
Olive Garden
Todo mundo que conheço ficava falando da tal da salada que é de graça (você come a vontade). Mas assim, a salada não tem nada de especial, tem folha, uns tomates, cenoura, cebola e pronto. O restaurante é italiano e como é uma rede, a comida é congelada. Sinceramente, se for para comer comida congelada e salada de folha, vou ao mercado e compro tudo por lá. Eu não estou dizendo que a comida é ruim, mas também não tem nada de especial. Fora que o molho de tomate usado é industrializado (cheio de açúcar!) e infelizmente meu estômago é muito sensível para isso. Fui 3 vezes e desisti. É um restaurante barato, que pode cair como uma luva para quem viaja e tem um orçamento apertado, mas prefiro outros cantos.

Cheesecake Factory
Já cheguei na porta do restaurante algumas vezes e nunca me animei para entrar. Primeiro porque acho meio caro para um restaurante de rede, segundo porque fico desconfiada quando o menu do lugar tem 10 páginas e vende comida mexicana, italiana, carne etc. Não existe um lugar do mundo que sirva “tudo”, digo, milhares de itens de “tudo” e seja bom. Mas ai minhas amigas me chamaram e eu arrisquei. Minha nossa senhora, eu passei muito mal. Tipo muito mal mesmo. Pedi uma massa com molho à bolonhesa. O molho estava cheio de pimenta, alho e mil coisas. Eu me senti comendo comida indiana e o estrago que a comida fez foi igual quando eu como comida indiana! Minhas amigas gostaram das escolhas que fizeram. Eu vou voltar lá e  pedir outra coisa, talvez tenha escolhida o pior prato do restaurante. Em relação à sobremesa, eles tem milhares de sabores de cheesecake. Uma tortura ter de escolher só um. Pedimos o de abacaxi e um de chocolate branco com avelã (eu acho). Eu adorei o cheesecake! Assim, não gostei como cheesecake em si, já comi melhores, mas gostei como sobremesa diferente. O de abacaxi parece aquele bolo clássico de abacaxi que comemos no Brasil, só que como é um cheesecake, a massa fica muito macia. Parece um bolo super, hiper, ultra fofo. Delicia! O outro, apesar de não ser fã de chocolates branco, gostei bastante. Esse aqui já é mais caro que o Olive Garden e se eu estivesse com um orçamento apertado, definitivamente não iria porque tem muito lugar melhor para comer por aqui. No entanto, é a rede que a Penny trabalha e os meninos do the Big Bang Theory vão jantar, então vale pela experiência :)
Será que eu não gosto de nenhum restaurante de rede aqui?
A verdade é que prefiro restaurantes que não sejam de rede, com a comida fresquinha. Se for restaurante "negócio de família", nossa, ganha meu coração. Mas tem duas redes que gosto bastante da comida por aqui. Primeiro tem o Macarroni Grill. Eles tem a melhor ciabata que já comi aqui e o molho de tomate “eh de verdade” (não é congelado, cada restaurante prepara o seu fresquinho do dia). Nada muito temperado, com tomate mesmo e meu estomago passa super bem. A segunda é a rede que mais gosto, o Village Tavern, eh uma rede menor, não tem tantas unidades espalhadas pelo país, mas é muito boa! Os molhos são frescos, o salmão é muito bom e o cheesecake é gigantesco e delicioso!
Ah, tem também o P. F. Chang's que é muito bom. Eu acho que tem restaurantes chineses mais baratos, mas eu me sinto bem confortável comento comida chinesa em um restaurante de rede.

24/11/2013

Processo de residência médica nos EUA: mais detalhes

Vai chegando o final do ano e eu vou recebendo mais e mais emails sobre o assunto. Agora que meu marido participa ativamente do processo, acho que posso ajudar mais quem passa aqui com algumas dúvidas.

NOTAS DOS STEPS

Esses dias estava conversando com uma amiga que é casada com um residente e ela me falou que as notas dos steps não importam muito, que o candidato precisa ter o mínimo necessário para ter uma chance e que foi essa informação que eles tinham ouvido falar até então. E é verdade SE o candidato tem méritos acadêmicos, por exemplo, publicações internacionais. Desta forma, você equilibra seu currículo. Eu posso garantir que uma nota alta impressiona e muito. O ponto de corte do step é 188, se o candidato tira 250, impressiona demais. Se ele tira 200, tá ok (mas o fato é que possivelmente os outros candidatos foram melhores nesse aspecto que ele), mas ele vai precisar ter outras habilidades para equilibrar essa diferença.

No entanto, se o candidato acabou de sair da faculdade de medicina (que foi o caso do meu marido) possivelmente ele não terá tanta coisa importante no currículo. Além de uma nota alta nos steps, ele não terá muito o que apresentar. O caso do marido dessa amiga foi diferente, ele já tinha feito residência no Brasil, fez pós-graduação nos EUA e por tanto, era um candidato diferenciado.

IDADE

A idade pode importar ou não depende muito do programa (alguns programas só aceitam candidatos com no máximo 5 anos de formado). Por exemplo, a neuro aqui na UAB foca mais em candidatos novos porque a carga de plantão e de trabalho é enorme (foi o serviço que mais recebeu transferência entre todas as especialidades no ano passado, mais que trauma! Pense aí a quantidade de trabalho). Dos 24  residentes da neuro (6 residentes de cada ano), só 1 tem mais de 30 anos. No entanto, em outros programas não precisa dar plantão, a carga horária não é tão pesada, então eles não se importam com esse o fator idade. Inclusive tem programas que são conhecidos por aceitarem mais médicos estrangeiros que já fizeram residência em seus países.


O "PODER" DO  RESIDENTE CHEFE

O residente chefe não manda em nada. O diretor do programa seleciona os candidatos, a partir das inscrições que os candidatos fizeram no ERAS e envia uma lista para os residentes chefes cuidarem da logistica relacionada ao processo (fazer a lista de quem vai participar do jantar, café da manhã, pegar os candidatos no hotel etc). E então, o residente chefe assim como os outros residentes, vão se encontrar com os candidatos e depois eles farão uma lista dos candidatos que eles acham mais fortes para cruzar com a lista que os professores fazem.


AS CARTAS DE RECOMENDAÇÃO

Há pesos diferentes diante das cartas de recomendação. Por exemplo, dependendo do cargo do autor da carta e também do conteúdo. Por exemplo, muito estrangeiro vem passar 1 mês em um serviço aqui nos EUA. A chance das cartas de recomendação recebidas por alguém que passou pouco tempo aqui ser boa é bem difícil. Vou explicar melhor. Se o médico não conhece muito você, ele vai escrever uma carta padrão dizendo que te recomenda. Se o médico conhece muito você, ele vai escrever uma carta contando detalhes e descrevendo minuciosamente os motivos de você ser um candidato forte. Acredite, isso faz uma diferença enorme!

18/11/2013

Primeira ligação para o 911

Tá que todo mundo que já assistiu meia dúzia de filmes americanos já sabe que quando você tem qualquer problema (que envolva risco a saúde, mas que seja algo agudo) você liga para o 911 que eles resolvem a coisa (no Brasil é 190). As crianças aprendem o número bem cedo, não é a toa que volta e meia lemos notícias de crianças com 3 anos ou até menos que ligaram para o 911 e salvaram a vida de seus cuidadores.

Pois bem, estávamos viajando pelas estradas da Califórnia, era noite, talvez umas 18hs, sem poste na estrada, mas até que esse trecho tinha movimento. De repente, os carros deram uma parada, dava para ver que não tinha nada na pista, mas eles pararam. Os carros, que estavam na nossa nossa pista, começaram a desviar e começamos a ver faíscas. As faíscas aumentaram e  um carro que estava no acostamento pegou fogo. Era um carro esporte em chamas na estrada! E o medo do negócio explodir? Tentamos olhar para ver se tinha alguém dentro, mas não conseguimos ver ninguém e aceleramos. Era perigoso demais ficar ali. Leo acelerou e alguns segundos depois, ele ligou para o 911. Pela nossa localização, a atendente já perguntou antes dele falar qualquer coisa, se era sobre o acidente na estrada X (eu sei lá o nome da estrada!) ele disse que sim, ela perguntou se ele estava envolvido no acidente, ele disse que não, ela então disse que já tinha gente a caminho e que em 10 minutos a equipe de socorro estaria lá. Ou seja, nesse meio tempo, pelo menos uma outra pessoa já tinha ligado para o 911. Mais a frente, conseguimos ver os carros de bombeiro com suas sirenes ligadas em direção ao carro pegando fogo. Tentamos achar alguma notícia na internet sobre o acidente, mas não encontramos. É que tinha um carro atrás desse que pegou fogo no acostamento, que acelerou, parou no meio das duas pistas, depois acelerou outra vez. Achei suspeito... ou o motorista se assustou muito, vai saber.

13/11/2013

Não vá à California...

... se você NÃO gosta de gente estranha, gente "normal", gente grande, gente pequena, gente de todas cores. Nem vá para a Cali!
.. se você NÃO gosta de vários tipos de comida diferentes, com preços diferentes, lugares temáticos, biboquinhas etc. Não vá para o estado!
...se você gosta de suco de laranja azedo ou não gosta de laranja, tou te dizendo, nem perca seu tempo no estado. (a melhor laranja do país! E você pode encontrar suco da fruta, de verdade, feito na hora, fantástico!) (você pode pular a laranja e experimentar o vinho ou todas as outras frutas que o estado produz)
...se você não gosta de esquiar, não gosta de sol, não gosta de calor, não gosta de frio...tenta outro roteiro, a California não é para você!
...se você não gosta de cidade pequena com ares de cidade grande, ou de cidadezinhas pequenas, com pessoas interessadas na sua história, ou até de cidade grande, com cara de cidade grande, com todos os engarrafamentos possíveis, não vá à California.
...se você não se interessa por belas paisagens, sejam as naturais ou as construídas pelos homens, acho que é melhor ir para outro canto do mundo.

Tanta coisa boa para fazer aqui, tanta aventura, tanta coisa diferente que eu acho quase impossível alguém não encontrar um lugar legal nesse estado!

As férias estão ótimas, quando eu penso que teremos que voltar para Bham, dá até uma tristeza. Minha expectativa é que a costa da Flórida seja tão maravilhosa quanto, com o adicional de o oceano atlântico ser quentinho e apropriado para o banho humano  :).


29/10/2013

Piquenique no parque

Essas dias, juntamos uns brasileiros gente boa e fomos passear no parque. O parque escolhido foi o Oak Mountain. Esse parque é o maior da região, tem mil possibilidades de atividades: campo de golfe, lugar para pescar, mergulho, trilhas (para quem quer andar/correr ou pedalar), cachoeira, lago (que eles chamam de prainha porque trouxeram areia do mar para ornar...é aquele negócio, quem não tem cão...), fazendinha, pedalinho, área para piquenique com "churrasqueira" e muito mais. O parque é gigantesco! Aqui funciona assim, paga-se $3/adulto para entrar e pronto. Quer dizer, algumas atividades você precisa pagar mais, como o pedalinho. Mas o parque é bem limpo e o dinheiro é bem empregado.

Como marido estava trabalhando, fui com um casal de amigos e seu filhinho. Levei a máquina para treinar tirar foto. Depois nos encontramos com outro casal de amigos e seus 2 filhos. Tirei tanta foto, tanta foto. Porque né, tirar foto de criança é bom (mas não é fácil, porque eles não param no lugar). Passeamos na fazendinha, eles foram no pedalinho e depois sentamos para comer. Marido chegou na hora boa :).

Por aqui é o que tem para fazer e os americanos aproveitam bastante (especialmente porque já já o frio chega e as atividades outdoor serão suspensas por uns meses). Tem gente que aproveita para tirar fotos de noivado/casamento, tem família que vai preparada para passar o dia, tem gente que vai fazer um piquenique, sociabilizar e relaxar.


Na fazendinha
 
No deck do pedalinho

Piquenique secreto em meio as folhas de outono

Nossa mesa de comidinhas...tanta comida que só consumimos 30% do banquete
 
No final, fui lá em cima, no mirante


O outono tá chegando

Eu brincando de ser fotógrafa e tendo a certeza que preciso tomar sol

20/10/2013

Jantar com os recém-casados


Fomos convidados para jantar com os paquistaneses (aqueles que fomos no casamento). Eles casaram mais a esposa mora em um estado e o esposo aqui em B'ham. Chegamos 30 minutos atrasados e fomos os primeiros a chegar (bem que meu marido avisou "estamos no Indian time" que poderia muito bem ser o Brazilian time, melhor, o Leo's time, né mesmo?). Bom, meu refluxo está atacado, já iniciei o tratamento, mas a coisa está de tal forma que minha garganta está péssima! Se comer pão integral já está complicado, imagina comida indiana! Esqueci o remédio em casa e tive que comer na cara e na coragem aquela quantidade assustadora de pimenta. Eu pego muito arroz, muito pão e pouquíssimo tudo. Eles falaram que a pimenta estava mild por conta do casal de brasileiro, mas ó, estava muito ardida, muito mesmo. Se bem que comparando com a comida do casamento deles, estava realmente menos apimentada. A dona da casa me ofereceu iogurte e só tinha de pêssego (eles usam iogurte sem sabor para rebater a pimenta), eu aceitei porque achei deselegante não comer, mas eu estava passando mal de tanta pimenta. Nossa, com o iogurte ficou muito bom. Gostei mais assim do que quando ele não tem sabor. Cantamos parabéns para o dono da casa e pronto.

Ficamos conversando, dando risada e olha, o humor deles é muito parecido com o nosso humor. Os hosts mostraram algumas fotos do casamento, da lua de mel e usaram o chromecast que eu amei! Decidimos comprar uma TV para o nosso quarto (ah o black Friday!) e vai ser bem útil! Daí eles começaram a colocar músicas indianas e nossa, tem uns clipes bem americanizados, no estilo rap (um monte de mulher sem muita roupa se requebrando...alguma semelhança com o Brasil?). Coloquei abaixo 2 dos vídeos que vimos ontem. Eles falaram que esse cara, o "Boss" é bem famoso. O segundo vídeo faz parte de um filme o primeiro eu não sei. O que eu reparei de todos que vimos é que o cantor e/ou a cantora são sempre mais brancos e especialmente o cantor, tende a vestir roupas orientais (bem coloridas). Vê o que vocês acham. Teve vídeo que a mulher estava tão sem roupa que eu mudei completamente a minha visão da Índia. Falando nisso, eles perguntaram sobre o VengaBoys (um grupo holandês, devo dizer) e colocaram o clipe abaixo dizendo que aquilo ali era o que eles sabiam sobre o Brasil até nos conhecer. Que vergonha!!!!

Clipe nos padrões ocidentais



Música que faz parte de um filme indiano (esse filme tem luta e é muito engraçado, tipo pastelão-engraçado...besta mesmo!)



E abaixo está o clipe que apresentou o Brasil para nossos amigos quando eles tinham uns 11 anos. Vergonha define o que eu senti (pior é saber que aquilo não é mentira e que o Brasil continua a exportar esse tipo de imagem...)




Ps: acrescentei esse clipe que o cantor faz uma homenagem ao tal do Boss e tem umas mulheres vestidas com roupa indiana estilizada :)


01/10/2013

Mais coisas daqui

Esses dias recebemos no correio a carta abaixo.


Veja bem, é uma pesquisa sobre televisão e rádio. Umas 14 questões de marcar. Eles mandaram $2 somente pelo fato da gente considerar responder a pesquisa e disseram que mandariam mais $5 se a gente respondesse (daí eu sempre penso como é fácil, apesar de caro, fazer pesquisa aqui nos EUA). Tá, só $7, mas né, já dá para comprar uma sobremesa umas frutas.

Uma colega no jazzercise tem uma filha com síndrome de Down. Eu vejo muito por aqui as pessoas se envolvendo em causas quando alguém da família ou a própria pessoa tem algo. E eu acho isso ótimo porque eles saem do lugar de coitadinhos, aprendem sobre aquilo, ajudam a divulgar e levantam fundos para pesquisa etc. Então por aqui tem caminhada de conscientização de Lupus, Diabetes, Alzheimer etc, levantamento de fundos para pesquisa, fora todo o esforço para ajudar crianças com necessidade, idosos, mulheres etc. Ufa! Tem muita causa aqui!!! A gente tenta doar um pouco aqui, fazer uma coisa ali sempre que possível. Abaixo tem a campanha que essa colega faz anualmente para levantar fundos para a causa.


 E para finalizar, se tem algo que tenho certeza é que Americans are dog people. Fomos comprar uns treats para o Luffy e olha o flyer que recebemos. Um evento de Halloween para cachorros! A vendedora fez questão de frisar que terá um burro para os humanos brincarem no evento.

26/09/2013

Das coisas daqui

Eu acho que já comentei em algum post mais antigo a questão do nome nos EUA. Aqui as pessoas normalmente têm dois nomes, tipo Ana Maria, Clara Joana, João Alberto e o sobrenome do pai. Só um sobrenome. E é isso. Quando a moça casa, ela normalmente exclui o sobrenome do pai e adota o do marido, mas ela também pode deixar o sobrenome do pai, colocar um hífen e adicionar o do marido, por exemplo Smith-White (Smith é o sobrenome do pai e White do marido). Aqui tem gente com nome de mês (April, May), tem nome que é unissex (Blake, Ryan), gente com nome de cidade e estado (Paris, Montana), tem gente que prefere ser chamado pelo segundo nome, tem segundo nome que é só uma letra (John A Smith). Ontem eu descobri uma outra coisa, o menino nasceu, o nome dele é algo como Jorge Lucas Smith Third e chamam ele de Troy. Troy não é apelido, é nome! Eu não entendi ainda o motivo de se colocar um nome em uma criança, mas chamá-la de outro nome (deve ser para manter a tradição do nome principal, mas se nem os pais gostam do nome o suficiente para chamar a criança assim, porquê colocar?). Eu sei que Freud teria muita coisa para falar disso...Já me falaram que isso é comum no Alabama, é comum aí no seu estado também?

23/09/2013

Dicas para gastar menos nas viagens

Não é segredo para ninguém que eu adoro economizar e volta e meia descobrimos (eu e marido) uma coisinha nova. Estava conversando com uma amiga, falando do preço das passagens que compramos para LA (ficou $160 ida e volta para cada um, acredite, foi muito barato) e ela se interessou em saber os detalhes. Abaixo dou as duas dicas mais recentes:

1. A empresa aérea que mais encontramos promoções aqui é a southwest. E essa empresa tem um app ótimo chamado Ding. É só baixar, escolher os aeroportos (a gente colocou Bham e Atlanta) e sempre que tem promoção e seu computador está conectado, você ouve um "ding". Foi assim que encontramos as passagens baratas para LA. Quando fomos para Orlando ano passado, compramos cada trecho na mesma empresa. O lado bom pra mim é que normalmente o avião é grande e eu não passo tanto aperto com as tremedeiras. Dos que aviões que viajei da Southwest, eles foram mais confortáveis que os da AA e menos um pouquinho que a Delta.

2. Na última viagem para Ohio, usamos a priceline pela primeira vez. Alugamos um carro por $16 (não compramos o seguro porque o seguro do nosso carro cobre carros alugados, mas com o seguro o valor iria para $26). Conseguimos um hotel muito bom pela bagatela de $44 (direto no site do hotel a diária é $119), naquele esquema de você colocar a região que quer ficar, dizer quantas estrelas quer e eles escolherem o hotel. Eu gostei bastante!

Por enquanto é isso, vocês têm mais alguma dica?

20/09/2013

O resultado saiu!

É com muita euforia e muita felicidade no coração que venho compartilhar a melhor notícias dos últimos tempos! Hoje foi o match. O resultado sairia às 12hs, mas eu estava tensa, grudada no celular, porque aqui as coisas sempre se espalham antes. Fui ao mercado e quando terminei e coloquei as compras no carro,  notei que havia uma ligação perdida. Era do Dr meu marido. Meu coração quase explode. Eu sabia que ele não iria me ligar outra vez tão cedo porque ele já havia me falado que está com 18 pacientes no serviço e que a coisa está complicada. Marido nunca deixa mensagem, mas ele tinha deixado. Vou eu toda empolgada ouvira mensagem e alguém sem noção começa a me ligar. Ufa, é marido! Daí ele começa a falar amenidades e eu "fala logo!!!", ele nos dá a boa notícia: Vamos para Flórida no próximo verão! Nossa, pense numa felicidade! Marido desligou o telefone rápido "estou no meu da visita" e  me deixou transbordando de alegria. Eu voltei do mercado com um sorriso de orelha a orelha e só repetia alto "obrigada, meu Deus; obrigada meu Deus".

Depois de pensar e repensar a respeito da cidade, tínhamos escolhido Gainesville para morar. Foi a nossa primeira escolha e foi onde marido conseguiu o match. Nossa, eu estou tão feliz que não há palavras nem em português nem em inglês para descrever o tanto de coisa boa que senti e ainda estou sentindo. Pra melhorar, vamos passar 8 dias na Califórnia de férias e se tudo correr como planejado, em dezembro vamos congelar por 8 dias no "velho mundo". Além disso, acabei de receber a nota do novo TOEFL que fiz e nossa, fui bem. Parece que já achei a universidade que irei aplicar para o PhD. Estamos pensando em comprar uma casa (uma casa de estudante, ainda não será de médico, mas fico feliz igual).

Qualquer dia desses venho falar como foi a caminhada até essa boa notícia. Mas adianto que marido queria Gainesville, eu queria uma cidade grande, no caso meu foco era Chicago (marido achou o serviço lá muito bom), claro que tinha a Columbia em NYC, mas ele voltou de lá já dizendo que era inviável para ele morar naquele "inferno" (ô dó). Marido queria a UF e usou de tudo para me convencer: poderemos comprar uma casa, moraremos perto do Renato (juro!), tem praia perto, tem Disney, o custo de vida é barato, poderemos viajar nos finais de semana, blablabla. No final das contas, escolhemos Gainesville e a UF escolheu marido também.

As nossas mãos na boca do gator em frente ao estádios dos Gators na UF
 Marido irá comemorar em grande estilo: plantão no final de semana. Eu vou organizar meus papéis para renovar meu passaporte para viajar em dezembro. Vamos sair para jantar também e Luffy definitivamente vai ganhar um osso suculento para celebrar junto. Bom, serão mais 9 meses de blog e de despedidas daqui e nossa, eu estou muito feliz.

Eu só desejo que esse final de semana seja tão cheio de boas emoções como o meu.

Um cheiro!


14/09/2013

Eu só quero trabalhar, posso?




1. Uma pessoa chega feliz e contente para trabalhar, mas a senha da porta não funciona. Essa pessoa tenta algumas vezes e nada. Nada assustador, já que a senha é mudada  eventualmente (mas você sempre recebe por email a senha). O porteiro estava no posto dele? Claro que não. Você, digo, a pessoa sobe e tenta falar com a secretária da chefe ou até a chefe mesmo, mas elas não estão na sala. Você desce mais uma vez. O porteiro já esta lá sentado, você explica a situação
Ele: você trabalha aqui?
Pessoa: sim (PQP! Não trabalho não, quero entrar porque não tenho nada mais interessante para fazer. Ele só faz essa pergunta porque nunca está sentado na cadeira dele e quando está fica no telefone e de cabeça baixa por isso nunca vê ninguém!!!)
Ele: E não recebeu a senha?! Você sabe quem é fulaninha? Pergunta pra ela...
Pessoa: (como eu vou saber onde fulaninha está se ela trabalha aqui na portaria e deveria estar aqui?!) Você sabe onde posso encontrá-la?
Pessoa vai na sala, não acha a mulher, mas acha outra, explica a situação e ouve outra vez  “e você nao recebeu a senha?”, daí é mandada para outro lugar. Pessoa a localização da sala da próxima funcionária e ao chegar no lugar indicado percebe que a funcionária indicada não trabalha ali. Pessoa sai de sala em sala ate encontrar a sala correta. Essa sala é cheia de segurança e ninguém tem acesso a quem esta lá dentro. Pessoa bate na porta até que alguem vem ajudar. Você explica a situação e a pessoa completa “esqueceram te lhe dar a senha, hein?”, pessoa “pois é”. A funcionária pede o seu nome através de uma janelinha (não disse a sala é toda trabalhada na segurança?), tenta colocar no sistema e diz que seu nome não consta lá. Pessoa fala “posso te dar minha identidade? É que tenho um sotaque carregado, muitas vezes é dificil me entender”... a funcionária olha torto e diz que eu posso dar um documento para ela checar, dei o passaporte, mas ela não conseguiu encontrar meu nome (porque ter 2 sobrenomes aqui cag* com a vida de qualquer um). Ela pede a carteira de identificação do trabalho. Eu explico que como só trabalho meio periodo e no 1º  (alguns andares ficam trancados depois das 18hs, mas não é o caso do 1º andar), eu não tenho o bendito cartão.  Pessoa tenta explicar essa diferença, mas a mulher disse que não poderia fazer nada e ainda acha estranho que eu não tenha recebido a senha.
Daí, Murphy deu mole e o funcionário do RH chega para resolver qualquer coisa, fala comigo e acaba me ajudando com a senha e confirmando que eu sou eu.

2. Temos pouco menos de 2 meses para iniciar a coleta de dados do estudo. Foi resolvido que tudo seria enviado por email. Você se reune com a equipe de informática, explica a situação, eles dizem que podem fazer tudo em tempo hábil e ainda acrescentam que os dados a serão tabulados entrarão automaticamente no SPSS (felicidade define qualquer pessoa com uma notícia dessa). Você chega lá com uma ideia bem simples e o experts melhoram tudo e prometem mundos e fundos.
Pessoa dobra as horas de trabalho, cria o banco de dados, se reúne infinitas vezes com a equipe de informática. São 5 tipos diferentes de questionários, mas eles são iguais em 70% das questões, então você acha que a demora (esmero?) da equipe de informática está relacionada a isso: depois que eles aprontarem o primeiro questionário, os seguintes serão mais rápidos. Mesmo assim, fala com sua chefe e pede que ela mande um email só confirmando a data de entrega e para saber como anda tudo. A resposta vem em segundos: tudo ótimo, iremos entregar em dia.
Na semana seguinte, você vê que a coisa não vai funcionar e fala com sua chefe que eles podem até falar que está tudo certo, mas não está.  Esse projeto é financiado com verba federal americana e os prazos foram estabelecidos e devem ser cumpridos. Fora que o projeto acontece no Brasil e toda a logística desenvolvida para dar certo já tinha sido implantada. Atraso nenhum é permitido. Resultado, apesar da semelhança entre os questionários, você é chamada a todo momento para tirar uma dúvida que você já tinha tirado dias atrás, porque aparentemente é mais fácil assim do que abrir o trabalho que já foi feito. No caso, você passa mais tempo na sala deles que na sua. Depois de muita confusão os instrumentos ficam prontos com uma semana de atraso, mas na hora de rodar no Brasil, os sistemas são incompatíveis. O chefe da informática vira pra você com toda grosseria que lhe é peculiar dizendo que em nenhum momento você havia falado isso. Sua chefe nem deixa você falar e “cai pra dentro com uma avoadora” neles dizendo que somos leigas, que antes do projeto tínhamos nos reunido para conversar sobre as diferenças e que nada disso foi falado, portanto contratamos os experts para fazer o trabalho, que isso era papel deles. No final das contas, o tempo que eu levei tabulando os 5 questionários, depois explicando para um chinês que não fala inglês como eu queria e todo o resto foram perdidos porque acabamos tendo que fazer de outro jeito, em cima da hora. Além disso, tivemos um trabalho enorme por conta de um defeito no questionário que causava um erro e confundia algumas pessoas. Foi tanto dinheiro e tempo gastos que seria mais fácil eu ter ido ao Brasil e sair distribuindo os questionários em mãos.

Gente atrapalhando a nossa vida tem aos montes, mas quando atrapalha seu trabalho, a coisa fica feia!

10/09/2013

Das profissões que não tem no Brasil

Já tem tempo que ando procurando curso de pós-graduação e uma área para trabalhar aqui. Trabalho como pesquisadora assistente, mas não é  bem isso que quero fazer pro resto da vida. Já até tentei o mestrado de saúde pública, já que dizem que Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve (o que provou ser errado no meu caso) mas infelizmente o ambiente foi sufocador. Tranquei a faculdade e continuo na luta para encontrar uma área de atuação.

O que eu quero:
-ter a possibilidade de trabalhar meio período;
-trabalhar ajudando pessoas (especialmente focando questões psicológicas e/ou psiquiátricas);
-posso trabalhar com pesquisa, mas que isso não seja o foco do trabalho;
-que na sexta, quando voltar para casa, não traga trabalho (não ligo de participar de algum projeto e ter de trabalhos em alguns finais de semana)

Aqui nos EUA, o sistema educacional é bem complicado. Pelo menos na minha área, o profissional precisa minimamente de um mestrado para trabalhar. Para entrar na pós-graduação X, você precisa ter cursado tais e tais matérias, caso não tenha cursado, tem de voltar para faculdade antes de pleitear a vaga. Mudar de área é um martírio!

Inicialmente minha ideia era fazer um doutorado em psicologia, mas olha, a concorrência é estúpida. Quanto eu digo estúpida, entenda, é mais fácil entrar no curso de medicina (que aqui é mestrado) que no PhD de psicologia. Na parte clínica, eles quase não aceitam estrangeiro. Com PhD, o pesquisador precisa aguentar politicagem, muita papelada, gente chato e sério, não é isso que quero pra mim.  E o salário nem é assim grande coisa. Fora que o PhD é focado especialmente para quem quer ensinar e fazer pesquisa (o que não é o meu caso). Tem a possibilidade do PsyD, que é mais focado em clínica e menos em pesquisa. Massa! Mas diferente do PhD, não tem financiamento e no final dos 5 anos eu teria uma dívida linda no valor de uma boa casa. Fora que não tem PsyD nem aqui em Bham nem na nossa próxima cidade. (há possibilidade de PhD e PsyD online, porém só 2 estados aceitam o certificado de curso online). (quer confirmar essas informações e saber um pouco mais? Tá tudo nesse livro e por aí epla internet)

Fora todas essas dúvidas, adicione que eu gostaria de algo que contasse caso eu volte para o Brasil (acredite, penso muito na possibilidade) ou que fosse uma área interessante e me permitisse  um empregador para financiar meu visto (em 2016 meu visto muda para o H e não poderei trabalhar até pelo menos 2019). Muitas variáveis para controlar, meu Jesus!

Daí comecei a pesquisar profissões que não temos no Brasil. Counseling é uma delas. Pra mim é igual ao psicólogo clínico no Brasil sem a possibilidade de aplicar testes e normalmente está ligada a faculdade de educação. Tem também profissionais de saúde mental que pra mim também fazem o mesmo trabalho que o counselor, só o público alvo que muda. E acabei achando o PA, physician assistant. São 3 anos de mestrado, sendo o último ano de internato. O profissional ganha mais que um psicólogo e ele lida com casos menos graves de saúde. Assim, eles podem renovar receita, fazem exame físico, pedem exame, acompanham o paciente, mas têm um médico responsável por tudo. Eu resumir a profissão como "um residente pra sempre". Acho que pra quem gosta de medicina, mas não tem a paciência/vontade de estudar tantos anos nem de ter tanta preocupação (já que o médico é responsável pelo paciente) é uma ótima pedida! Muito parecido também com a profissão de nurse practitioner. Dependendo do estado inclisive, o nurse practitioner não precisa trabalhar com um médico e pode prescrever remédio. Eu ainda encontrei a profissão de health educator, que segundo fontes não é assim muito respeitada e que na prática tem cargos iguais a quem tem mestrado em saúde pública.

Sobre o PA


Nurse practitioner


 
 Health educator



Ou seja, até o momento, nenhuma decisão e quanto mais eu demoro para o objetivo, mais eu perco a motivação. Alguma ideia?

27/08/2013

O casamento muçulmano




Pois então, fomos convidados para o Nikah. No dia anterior tinha acontecido o Manjha, que segundo o noivo é onde acontece as danças (mas o google me disse que é o dia da pintura de henna também). Fomos para o casamento propriamente dito. O convite dizia que o evento começaria as 18hs e o casamento iniciaria as 19hs, seguido do jantar às 20:30. O noivo mandou uma mensagem para marido dizendo que ele chegasse umas 18:40, pois o evento só começaria as 19hs e lá fomos nós.

Chegando lá nos deparamos com essa cena. Tipo um lanchinho até a  hora do casamento. Tinha chá, água e essas comidinhas para alegrar a barriga dos convidados. Embora nesse casamento não tenha havido a separação de homens e mulheres foi engraçado notar que mesmo não sendo exigência, as pessoas ficavam separadas por gênero mesmo. Eu contei 2 casais ocidentais (eu e marido inclusos) e a esposa do amigo indiano de marido. Mas quem liga para os ocidentais numa hora dessas? Nossa, eu fiquei reparando nas roupas, nos sapatos, nos cabelos! A metade dos homens estava de paletó e  gravata e a outra metade com roupas típicas que eu amei! As mulheres estavam com roupas típicas também. Tinha mulher com lenço na cabeça, mulher mostrando os braços, mulher cobrindo tudo (tinha uma de burca). O noivo disse uma vez que os paquistaneses são os indianos muçulmanos, então talvez essa seja  a diferença entre os outros muçulmanos, uma pitada ardida da Índia (vale lembrar que o noivo é um muçulmano de araque já que come porco, não faz as rezas obrigatórias etc). Minha amiga indiana disse que quando mais proxima dos noivos, mais arrumada a mulher fica.

Lanchinho inicial. Eu só consegui comer o grão de bico,  até os veggies fritos estavam terrivelmente apimentados

As mulheres conversando e comendo o lanchinho da entrada


Lá para as 19hs, entramos no salão. Na frente ficava o altar para o casamento e muitas mesas com cadeiras. As mesas reservadas para a familia estavam proxima do altar e as outras estava liberadas. As pessoas foram sentando e como as mesas cabiam 10 pessoas, desconhecidos iam sentando juntos. A família só entra na hora do casamento mesmo. Em cima da mesa tinha um saquinho com chocolate para cada convidado e no final do casamento recebemos uma caixinha com nuts, frutas secas e chocolates. Enquanto o casamento nao começava, os garçons trabalhavam servindo bebidas (não alcoólicas né).

Só sei que o casamento comecou as 21hs. Antes do casamento, eles chamaram o pessoal para rezar em uma outra sala, não fomos. Ai vai entrando as pessoas ligadas aos noivos: irmão, amigo, sobrinhos...todo mundo sendo anunciado e caminhando. As vezes os convidados batiam palmas para as pessoas que entravam, as vezes não. Quando o noivo entrou com os pais teve até gritinhos. Depois vem a noiva com o pai do lado direito e a mãe no esquerdo. Ela passou o tempo todo olhando para o chão, muito, muito, muito triste. É muito diferente do casamento ocidental que a noiva até entra emocionada, mas bem feliz. Teve uma hora que eu ate me perguntei “será que ela quer casar mesmo?”. Ai, falei com minha amiga indiana do porquê daquilo, de repente, se a noiva esboça felicidade é sinônimo de desrespeito, vá saber. Bom, eu tinha pesquisado no google que a noiva fica triste em alguns momentos porque ela vai se separar da família, mas a noiva desse casamento ficou triste o tempo todo. Tipo, muito triste. E  no caso, ela mora longe da família faz tempo, então fiquei achando que mostrar felicidade poderia ser ofensivo para a cultura deles.

Quando a noiva entrou, depois que eu me acostumei com a cara de tristeza, pude olhar a roupa e jóias. Ela estava de vermelho. A roupa era bem trabalhada. Henna nas mãos, muitas pulseiras e aquele negocio que passa na cabeça e prende no nariz (o google disse que chama Nath). Ela estava muito bonita, muito mesmo! Bom, ela sentou ao lado do noivo no altar. Os pais dos noivos também sentam no altar.


 
Foto da nossa mesa para mostrar que Leo ficou de costas para o altar

Ambiente do casamento

Os familiares entrando

A noiva

O casamento estava começando

O “pastor” disse que devido ao adiantar das horas ele iria apressar a coisa. E nossa, o que ele falou é muito igual ao que os padres/pastores falam nos casamento cristão. Aquela coisa de respeitar o outro, ter paciência etc. Ele usava trechos do Alcorão para ilustrar os fatos. Eu sei que ele enfatizou muito que o homem tem de tratar bem a mulher, que a mulher merece atenção e tal. Depois ele falou do presente que o noivo deu para a noiva (como ele disse, para mostrar que as intenções do noivo eram sérias). Na verdade ele não disse o que foi o presente, só disse que o noivo deu (minha amiga indiana disse que normalmente eles acordam um valor em dinheiro). Dai ele pergunta se a noiva quer casar por vontade própria ou esta sendo obrigada e o mesmo para o noivo. Eu não ouvi as respostas, então não sei se é uma pergunta retórica, se a resposta é um balançar de cabeça ou se eu não ouvi porque estava longe mesmo. Finaliza com uma prece. E aí eu achei o máximo! Tinha cristão, tinha muçulmano e tinha hindus rezando e pedindo coisas boas para o casal. Né legal isso?

Pronto, acabou o casamento. Os familiares se aglomeraram para tirar as fotos e os convidados foram para o buffet finalmente jantar. Voltamos para sentar com os pratos cheios e os familiares se concentraram lá na frente falando no microfone para os noivos. Nessa hora pareciam duas festas diferentes. Infelizmente só dei 4 garfadas no jantar. Apesar de adorar a comida (eram as mesmas coisas que comemos no restaurante indiano), a comida estava no grau máximo de pimenta. Meu esôfago ficou desconfortavelmente ardido e aqui eu parei e comi chocolate, bebi refrigerante e água para melhorar a situação. O casal de indianos comeu tudo, mas os 3 ocidentais e mais 1 indiano não deram conta de tanta pimenta. Depois do não-jantar, veio a parte dos doces. Tinha o bolo do casamento já cortado em fatias e muitos docinhos. Eu acho fantástico que eles não usam chocolate para nada e as sobremesas são bem boas (nada comparado aos nossos doces, mas pelo menos, diferente do jantar, eu pude comer com prazer).



Uma das fotos depois do casamento

 


Na fila do buffet tinha uma moça de burca. Imagino que esse seja o modelo festa. Note que do outro lado só tem mulher e eu fiquei na fila "dos homens".


Aí o casamento acabou. Levantamos para falar com os noivos e fomos embora. Ah, no caso desse casamento, como o noivo mora em Bham e  a noiva na Carolina do Sul (ela faz fellowship lá) eles colocaram no convite que não queriam presente. Vimos muitas pessoas com cartões (provavelmente o dinheiro estava lá dentro), mas não havia local para guardar e nem como dar aos noivos. O nosso cartão entregaremos no evento do casamento que terá aqui em Bham.

Ps: a qualidade das fotos está um horror. Desculpa, tá.