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17/02/2013

"Eu odeio pediatria!"

E foi com essa frase que marido adentrou a casa em um domingo desses. (ele está rodando no hospital infantil)

Veja bem, eu era psicóloga infantil e morro de saudades das crianças.  Veja bem, marido é aquele tio que senta no chão e sai brincando com os filhos dos amigos.

Ele estava meio irritado/tenso/triste, do jeito que ele fica quando acontece uma merda no hospital (não necessariamente um erro, mas algo que ele não gostou/conseguiu fazer diferente).

Eu pergunto "gente, por que isso?"
Ele "deveria ser proíbido criança ficar doente! É tanta coisa ruim! Sério, não é justo...bebezinhos com tanta dor.."

E dizem que médico não deve ter um sentimento humano em relação aos pacientes para não atrapalhar o tratamento, eu digo o contrário, é de um médico humano que todo doente precisa.

***

Coisas que  pais e mães precisam saber (do ponto de vista da esposa do médico especialista de plantão)

1. Não seja grosseiro com o plantonista, se ele está perguntando é porque ele não conhece o seu filho (afinal seu pequeno chegou em crise e o plantonista  tem 1 minuto para entender a situação e criar um plano para manter seu filho vivo).

2. Verifique se você tem medicação suficiente para evitar ligar para o pobre residente 2 horas da madrugada solicitando medicação (no entanto, se a medicação acabar, ligue qualquer hora mesmo).

3. Antes de ligar para o residente solicitando medicação de madrugada, entra em contato com a farmácia para ver se o médico já não havia solicitado a medicação.

4. Caso o residente sugira uma medicação e você tiver a medicação em casa, VERIFIQUE A VALIDADE DO MESMO!

5. Se o médico de uma especialidade solicitar um exame que seja preciso suspender a medicação do seu filho, vamos dizer, ele precisa de uma endoscopia e precisa suspender a medicação de epilepsia, entra em contato com o neuro antes de fazer isso, principalmente se seu filho tem uma condição rara. 

6. Não espere chegar a madrugada para ligar para o plantonista. Siga seu sexto sentido, se você acha que tem algo errado, mesmo que bobo, liga logo. Agora se tem relação com tentativa de suicídio, não ache que é brincadeira, pelo amor de Deus! Liga logo na primeira "brincadeira". Criança tenta suicídio e infelizmente algumas são bem sucedidas na tarefa :(

7. Tente responder as perguntas do médico, não fique divagando sobre as coisas da vida que não vão impactar no tratamento (isso você faz com o médico que o acompanha, não na emergência). E por favor, dê as informações corretas, não passe 20 minutos falando sobre a vida e no final da ligação você lembra que ele também tem sentido dor de cabeça (mas é aquela coisa, se lembrar no final, fale mesmo!)

8. Tenha listada as medicações e doses que o seu pequeno vem tomando.

9. Aqui, o médico (de verdade) não fica de plantão, então é melhor você ter dúvidas durante o dia, pois pode falar diretamente com o doutor responsável pelo seu filho. De noite, só tem residente, ou seja, ele não conhece seu filho e tá lá no caso de emergência. Tenha misericordia da esposa desse pobre residente e ligue só com emergência, quando for questões mais bobas, liga durante o dia e fala diretamente com o médico, né mais legal? :)

Ps: post escrito em uma semana que marido deu 5 plantões. Estou com saudade de dormir  a noite inteira, por isso o bom humor, só que ao contrário.


16 comentários:

  1. Tadinho do marido, Lorna!!! Ser médico deve ser sinônimo de ver muita coisa triste e qnd tem criança no meio então... :(

    Essa residência deve ser tão difícil... Força pro marido e obrigada pela dica, qnd eu for mãe vou voltar aqui pra não esquecer! hehe

    Beijo queridonaaa!

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    1. Olha, ele fica muito feliz quando faz algo de bom para um paciente, mas fica triste quando algo acontece com um paciente, principalmente criança ou um jovem. Faz parte da profissão, mas eu gosto que ele seja humano, que ele chegue em casaas 20 horas e entre no sistema do hospital para verificar algo e entrar em contato com a família, mesmo fora da hora do trabalho. Acho muito bonito o jeito que marido cuida dos pacientes, mas me assusta um pouco tanta entrega, principalmente quando eu penso em filhos :)

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  2. Cara, vida de medico nao eh NADA facil.. E se tem uma coisa que eu nem cogitei foi fazer medicina - mesmo meu pai tendo quase me obrigado a fazer...
    Eu penso igual seu marido.. crianca nao devia ficar doente... alias, ninguem devia ficar doente! Eh muito sofrimento e quase sempre tem aquele sentimento de impotencia... Eu nao sou medica, mas trabalho na area - com fisica medica - e muitas vezes vou ao hospital fazer medidas e vejo pacientes de cancer sendo tratados.. de todas as idades, de todos os tipos... com todos os diagnósticos... Eh muito triste saber que alguns nao terao chances.

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    1. Não é fácil mesmo, muito menos a vida da família do médico...quando mudei pra cá até que pensei em fazer medicina, mas definitivamente essa não é uma profissão para mim!

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  3. Nossa Lorna, nem consigo imaginar q quantidade de coisas triste que acontecem num hospital. Como deve ser difícil lidar com todas essas situações que vc citou e que devem acontecer com frequência.
    Um beijo e força na peruca pra vcs.

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  4. Eu admiro muito quem segue a area de medicina porque nao e pra qualquer um. E muita doenca, muita coisa triste e nao e facil para as pessoas da familia dele como esposas e filhos que muitas vezes ficam sem ter a presenca do pai/mae. Concordo muito com a frase que todo doente precisa de um medico humano, doenca ja nao e facil de lidar e ainda com alguem apatico torna tudo pior. Essas "dicas" que voce deixou para os pais e otima por mais bobas que parecam os item e sempre bom lembrar.
    Beijinhos

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  5. Até hoje eu penso em fazer medicina, como tenho que começar tudo de novo mesmo não tem "problema". Exceto que não sou rica o suficiente pra pagar o curso por aqui. :p O seu marido é um exemplo de médico, é o de verdade, que nasceu pra exercer a profissão e ajudar o tanto que puder. Talvez por isso ele se importe tanto com os pacientes, principalmente os 'tiny humans' (é mt Greys Anatomy na minha cabeça!), que são indefesos.

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    1. Carol, se é algo que você quer, tenta ver as possibilidades. O curso de médicina aqui é um curso de pós graduação. Então, de rependte você foca em algum curso antes e ver se é isso mesmo que você quer. Um dia desses eu estava falando com meu marido e falei envergonhada "se quando a gente tiver filho, ele/ela resolver fazer medicina, eu não vou incentivar, a vida de médico é muito ruim". Ele ficou chateado e disse que temos que deixar a criança escolher. mas eu sei o quanto é difícil, sabe...enfim, veremos.

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  6. Parei aqui porque fiquei curiosa com o titulo do seu poste, e olha, eu não sou médica não, sou enfermeira e trabalho na pediatria, e me envolvo muito e quantas vezes cheguei em casa com a cabeça explodindo de dor e pensando "Meu Deus, por que?" Tem coisas nessa vida que a gente nunca vai entender.

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  7. Verdade, concordo com voce e seu marido, crianca nao deveria passar por essas coisas. Eh triste demais. Ainda nao aprendi a "separar" as coisas. Fico muito impressionada com o que vejo e aprendo na faculdade. Eh fogo.

    Lorna, quanto ao CT, pior eh que eu ja fiz um 3 anos atras, e sei que eles emitem muita radiacao. Nao queria ter que fazer outro... a medica disse que o MRI eh melhor pra algumas coisas mas pra ver as veias e a circulacao das veias no meu pescoco ela disse que o CT eh melhor. Agora to com medo. To com os dois marcados pra amanha. O CT meio dia e o MRI a noite. Sera que devo ligar pra medica amanha de manha e perguntar se posso fazer apenas o MRI e se der algo inconclusivo soh entao fazer o CT?

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    1. Eu não sei, não sou médica :(. Talvez você tenha dito algo para ela que fez ela pensar em alguma coisa ou talvez seja só pela facilidade mesmo. De qualquer forma, talvez fosse melhor você fazer os 2 logo, porque aí encerrava de vez esse assunto. Tou aqui na corrente para que dê tudo certo, viu?

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    2. Haha, sim Lorna, foi o que pensei. Ja que ela mandou fazer melhor. Demorou tanto pra eu encontrar um medico que mandasse eu fazer mais exames que vou aproveitar neh. Eu fiz a Ressonancia quinta a noite, eles disseram que o resultado soh semana que vem. O Ct acabei remarcando pra segunda porque fiquei com medo de fazer os dois na quinta e os dois tinham contraste, como eu ja tive reacao ao contraste do CT antes achei melhor fazer um de cada vez e dar um tempo entre um e outro pro contraste do primeiro ser elimanado antes de o outro entrar... mesmo sabendo q o contrate do MRI seja diferente e tenha menos riscos de reacao que o contraste do CT, eu preferi nao bobear. Entao soh vou ter noticas mesmo semana que vem. E enquanto isso fico aqui agoniada... obrigada pela forca!

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  8. não era pra ser engraçado mas foi, né?

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  9. Lorna, meu marido está no expectro oposto do seu, por isso ele vai começar o fellowship no PICU. Ele gosta do impacto que ele faz como médico na vida dos pequenos que precisam passar por algo tão complicado como uma doença que o leva até um ICU. E apesar de ter feito med-peds ele não é muito fã de trabalhar com adulto pq ele acha que a maioria dos problemas são auto-infligidos, que poderiam ser previnidos!! Boa sorte nas aplicações de fellow e que vcs consigam acabar no programa e cidade que vcs gostatem mais!

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    1. Isso é o que eu mais gsto na área de saúde, dependendo do perfil do profissional, ele se interessa por uma área diferente. meu marido detesta emergência, ele gosta de atender no consultório/ambulatório, do contato a longo prazo com o paciente e também do puzzle mental que a neurologia exige. Eu por exemplo fiz psicologia e ao contrário de metade da minha turma, não gosto de psicanálise. Gosto de cérebro, da mente, de entender toda essa mistura. Ainda bem que seu marido pensa assim, sinal que ele é um bom médico para os pacientinho :). Engraçado que os causos que marido traz da neuropediatria é que um pacientinho chamou ele para brincar de algo ou que fez high five, ou uma pacientinha fofa que puxou os óculos dele. No caso de neurologia, tirando stroke que normalmente está relacionado com os hábitos de vida (mas não é regra), as outras coisas, principalmente na área de distúrbios do movimento, área em que marido quer fazer o fellow, não tem muita ligação, pelo menos, não que a gente saiba, com os hábitos de vida. Obrigada pelos votos!

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