Páginas

28/09/2011

aula de inglês

Não é segredo para ninguém que o americano tem uma faminha de gente boa, mas burrinho pelo mundo afora (leia-se Europa). Isso fica claro nos rankings de educação onde a maior potência mundial não fica tão bem (fora toda a crise educacional que os EUA andam passando faz mais de uma década). Outra coisa que não é segredo é que o Sul dos EUA é considerado interior, "roça". Acredita-se que as pessoas aqui são menos rebuscadas e pouco cultas. Você pode reparar nos filmes e na mídia tal afirmativa ser difundida (as pessoas do sul são tão rotuladas que parecem os baianos/nordestinos mostrados na globo).

(só para deixar claro, isso aí em cima é preconceito!)

Bom, todo mundo sabe (ou muita gente sabe) também que se existe um assunto complicado/saia justa de se discutir com alemão é sobre Hitler. É um assunto delicado e alemão não comenta, porque né, quem quer comentar isso. Se você tivesse um parente que matou, sei lá, 15 pessoas, você gostaria de comentar? Eu acho que não...

Daí que estou na aula de inglês e sempre tem competição no final da aula (ah, o jeito de motivar americano me encanta- not!), estávamos jogando apples and apples e uma das cartas que uma chinesa pega é a de Adolph Hitler. A chinesa pergunta quem é esse homem, já que ela não conhece (e aí eu fiquei lembrando das aulas de testes neuropsicólogicos. Perguntar quem foi essa figura para um ocidental poderia ser facilmente uma questão de um subteste de inteligência, mas não faria sentido se perguntada para um chinês). O professor americano começa a explicar, mas para no meio da segunda palavra dizendo "ah, temos uma alemã aqui, ela pode explicar". Ui! Pense numa alemã sem-graça, vermelha, desconfortável. Ela disse que não queria explicar, o professor insiste (ai,ai). Ela, completamente desnorteada diz que ele não era alemão (dizem que eles sempre começam por essa frase) e que ele foi um louco carismático que fazia muita gente seguí-lo nas suas loucuras e ponto. Vê se o professor americano notou o fora que deu? (ou será que ele é sacana mesmo?). Eu fiquei super sem graça, mas não me pareceu que o pessoal de outros países tenha se impactado com a questão (então nem todo mundo sabe desse "assunto proíbido")

Bom, conversando com o francês ele já havia me dito que esse assunto é meio que proibido na europa. Que assim, foi algo muito ruim e que ninguém gosta de pensar e  falar nisso. Bom, fica a dica  e a pergunta: será que o americano tem vergonha de falar de Hiroshima e Nagasaki?

10 comentários:

  1. Ih, eu nao sei se aonde eu vivo (oi, é a capital, onde tudo começou...) é que é diferente, mas as pessoas por aqui nao tem problema em falar de Hitler. O que eu sinto é um problema em admitir que ainda tem nazismo (o neonazismo, que eles chamam de "extrema direita").
    Talvez a alemã tenha se sentido intimidada por estar numa posição de "desvantagem", era a única na sala, né?
    Mas, sua pergunta final faz a gente pensar... No Brasil, já perguntei pra muita gente, pq é um assunto que me interessa, mas poucas falam (ou sabem falar) sobre a ditadura, Canudos etc etc.
    Bjs!

    ResponderExcluir
  2. Gente que coisa desconfortante, sua pergunta final é interessante... Hiroshima e Nagasaki, acho que eles nao tem problema com isso nao afinal eles se acham superior em tudo e com certeza teriam uma boa explicacao pra sair por cima... + eu como vc ficaria constragida por ela... sobre seu comentário no blog eu sou louca por surpresa e fico de boca fechada sem problema todo sacrificio vale apena :) rsrsrs... bjos

    ResponderExcluir
  3. Hum, Eve. Eu só conheci alemão fora da Alemanha e sempre ouvi isso deles e de outros europeus. Será que em casa, eles se sentem confortáveis para falar do assunto? Interessante isso... Eu tive a possibilidade de conviver com pessoas que viveram a ditadura de forma diferente e de fato, é muito interessante ouvir delas sobre o assunto.

    ResponderExcluir
  4. Lorna, meu sogro é um major aposentado, meu marido serviu na Marinha, meu cunhado é sargento no exército, meu sogro casou-se com uma alemã, resposta a sua pergunta: ninguém comenta sobre Hittler nem sobre Hiroshima e Nagasaki, nem sobre Afeganistão e Iraque na família. Os irmãos do meu sogro também são militares, inclusive uma irmã. Em reunião de família eu nunca os ouvi fazer um comentário sobre forças armada. Motivo: desconhecido!

    ResponderExcluir
  5. Oi Lorna, respondi lá no blog sobre o sonho. rsrs
    Mas, voltando ao seu post interessante, acho que posso explicar a reação da alemã (ou de alemães fora da Alemanha) por um ponto de vista, o meu.
    Por exemplo, eu não gosto qdo um gringo me pergunta sobre a violência no Brasil. Primeiro, que geralmente é uma pergunta totalmente descontextulizada, segundo, que o gringo já pergunta com uma ideia pré-concebida da coisa e olhar sempre é crítico/ácido. Eu me sinto mal qdo me perguntam. Parece que é uma coisa que só cabe a brasileiro discutir, opinar etc.
    Aqui na Alemanha, as pessoas não discutem isso (Hitler, nazismo, segunda guerra) em festas, encontros de família etc. Mas, como há tantos museus, tantos marcos históricos, tantas lembranças vivas ainda, se o assunto surge, nao é tabu.
    Contudo, depende de quem e de como pergunta. Se eu (estrangeira), fora de contexto, perguntar, provavelmente, eles vao reagir como eu reajo qdo me perguntam sobre o Brasil. É como um nacionalismo velado. Eu não posso falar de um assunto que nao domino sobre algo que aconteceu aqui, como eles nao podem falar do Brasil sem nunca terem pisado os pés lá.
    Fora que, estando fora do Brasil, estou muito mais vulnerável a críticas, né? Acho que é isso.
    Bjs!

    ResponderExcluir
  6. Pipa, sua família é de militar....eu tenho uma dúvida sobre isso, vou lá no seu blog perguntar!

    Eve, faz todo sentido.

    ResponderExcluir
  7. Uma vez, quando passei uma temporada no Canadá, uma ALEMÃ me convidou a visitar o museu local do Holocausto. Fiquei chocada, exatamente por ser um assunto proibido para eles.

    ResponderExcluir
  8. Acho que talvez em algumas cidades da Alemanha mas aqui na Irlanda acho que o que faz as pessoas não discutirem ou expressarem a sua opinião sobre assuntos polemicos se dá pelo fato delas não terem informação suficiente....

    ResponderExcluir
  9. Alemães podem até sentir que esse é um assunto só deles, mas não é, afetou o ocidente todo. Normal todo mundo falar. Tadinha da alemã da turma...
    E se um gringo pedir pra um brasileiro explicar o que foi o AI-5 e a ditadura militar? Será que vamos jogar a culpa nos EUA ou vamos adimitir o horror que aconteceu aqui?

    ResponderExcluir
  10. Lucian, não acho que os alemães acham que o assunto seja só deles, o que eu disse é que o assunto deixou marcas ruins e que eles não gostam de discutir. Mas, pelo que a Eve falou, talvez não seja bem assim. Aqui nos EUA acho difícil alguém perguntar sobre ditadura, já que os que eu encontro aqui só sabem do Brasil "carnaval-mulher bonita-futebol", mas se perguntada, jamais diria que a culpa fou dos EUA, a questão é bem maior...

    ResponderExcluir

O que você acha disso?