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25/10/2011

RAL- Resposta ao leitor

Oi gente, ando recebendo emails e alguns comentários interessantes. Tento responder no próprio blog ou por email mesmo, mas agora vou começar a criar posts com o título acima quando achar que a resposta daria um post ou quando a pergunta se repetir muito.

Recebi de um anônimo (poxa, deixa seu nome!) o seguinte comentário e pergunta:

oi lorna! tudo bem? estava lendo o seu blog e vi q vc falou q vc vive numa regiao mto consevadora, mas como eh a questao do homossexualismo ai? eh pior que no brasil? obrigado. 

Bom, para começar gostaria de colocar que o termo homessexualismo foi mudado para homossexualidade em 1985 no Brasil e em 1993 a organização Mundial da saúde deixou de considerar a homossexualidade como doença mental. Isso porque o sufixo "ismo" está ligada a patologia/doença enquanto o "dade" se relaciona com sexualidade. Tá, sei que pode paracer chatisse e tal, mas é importante desvincularmos homossexualidade e doença. Outra coisa que queria falar é que a homossexualidade não é opção como muita gente fala por aí. Minha gente, ninguém acorda um belo dia de sol e fala "pronto, de agora em diante serei heterossexual" e o mesmo não ocorre com homessexual, bissexual etc. Por isso o termo que usamos é orientação sexual.


Aqui em B'ham é aquele negócio, ninguém fala de nada polêmico. Você já assistiu O Show de Truman? Eu me sinto assim aqui. Sabe um lugar que as pessoas são simpáticas, mas que parecem seguir um texto? A sensação de que é tudo ensaiado e falso? Pois aqui é assim. Branco não fala de negro e nem fala com negro, negro não fala de branco (veneno: ou se fala, ninguém entende) e nem fala com branco! Negros detestam hispânicos (e na prática brasileiro é hispânico), o que é compreensível, mas...enfim, ninguém jamais vai falar de homossexual com você e nem vai tratar o outro mal (ou tão mal que possa receber um processo por isso), mas o ódio e o pré-conceito são marcantes.


Bom, aqui você não vai ver gente xingando os homossexuais, batendo, matando como a gente vê no Brasil. Afinal de contas, se fizer isso, a pessoa vai ser presa e caso mate, possivelmente será condenado a morte! Então, é aquilo, um preconceito velado. Você fala o básico com os homossexuais no trabalho, na escola, é educado e pronto. Você não vai chamar "esse tipo de gente" para sua casa, para ser seu amigo. Quando se fala sobre o homessexual é dando risinhos, "brincando" e com bastante raiva. Aqui é comum a gente vê casais homossexuais (quero dizer que eles moram juntos), mas as pessoas são preconceituosas com eles sim e mantêm o mínimo de aproximação possível. Ah, eu já vi em programas na TV os pais difundindo o pré-conceito nos filhos "vai chorar? você é gay é", esse tipo de coisa que a gente vê no Brasil.

Talvez no Brasil seja pior, pois existe violência física, mas a vilência psiquica e o bulling é igual ou talvez pior aqui que no Brasil.

13 comentários:

  1. Meu Deus, como o mundo que a gente vive é atrasado!!!
    Gente é gente, o que importa é o caráter, não o que faz na cama!!
    Lorna, adoro os seus posts!!!
    Super beijo
    Simone

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  2. Simone, você disse tudo! Gente deve ser tratada como gente e muito bem tratada. Nesse post eu não falei da quesão religiosa que aqui acaba sendo um fator a mais para o pré-conceito.

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  3. Que legal esse post Lorna! Olha, eu notei aqui que nas cidades maiores há uma aceitação maior. Principalmente em Boston, e New York, onde há uma grande concentração de homosexuais. Fui na parada gay de Boston e confesso que adorei (sou hetero, nao escolhi, como você falou, mas nasci assim) mas adoro tudo que tem a ver com o mundo do arco-íris (simbolo dos homosexuais). Eu acho que em cidades menores e em Estados que são mais conservadores o preconceito é mais notado (mesmo sendo velado como você falou). Mas o bom é que é respeitado. Sabe, se alguém julga, julga entre si, entre amigos e familiares. Nunca vi ninguem atacando alguem por sair na rua de mao dada com alguem do mesmo sexo. No Ihop, por exemplo, onde trabalhei em Tucson (que apesar de ser uma cidade grande fica num Estado que nao é muito "moderno" digamos assim) vi vários casais homesexuais. Ouvi muitos dos meus companheiros de trabalho comentários do tipo: "você viu o casal na mesa tal? É uma mulher e uma mulher". Mas parava ai! Entao as vezes nao acho que os comentarios sao de fundo preconceituoso, muitos, notei, eram de surpresa e admiraçao pela coragem do casal! Mas em NY, Boston, Miami na Florida, como é mais comum, ninguém nem olha mais, nem comenta mais...

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  4. Ah, no prórprio IHOP onde trabalhei eu tinha 3 companheiros de trabalho que eram homosexuais. Adorava eles. Todos nos davamos super bem. E o que a gente ria com as gracinhas deles mesmos nao era brincadeira!!! Sinto a maior falta!

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  5. Lorna, essa foi realmente uma boa abordagem sobre o preconceito, o racismo e a segregação silenciosa que esse país ainda vive.
    Você não ouve, mas você vê a separação, especialmente se você mora no sudeste ou sul.
    Aqui onde eu moro as cidades são divididas, eu moro numa cidade de maioria branca e os negros moram em uma outra cidade ao lado.
    Até mesmo nas igrejas essa divisão é clara, você vê igreja frequentadas por negros e igrejas frequentadas somente por brancos, e eu acho isso muito triste.
    Homossexuais quase não vejo por aqui, porque é a lei do don't ask don't tell embora esse comportamento tenha sido abolido recentemente das forças armadas em cidades como a minha isso continuara a existir.
    Acredito que como a lei é melhor aplicada aqui do que no Brasil so far a violência física não ocorre como vemos no Brasil, mas o bullying aqui é muito muito pior, a duas semanas atrás a revista People mostrou uma matéria sobre pais que perderam seus filhos por conta do bullying. Adolescentes que cometeram suicídio por conta do assédio moral, entre um dos casos um adolescente que se assumiu homossexual. E acredito que muita gente lembra do estudante universitário que se suicidou no ano passado após o colega de quarto postar no Twitter que ele estava se encontrando com outro rapaz no dormitório dá faculdade, o colega de quarto ainda deixou a webcam ligada para exibir o encontro do colega a outros estudantes do campus, não somente um rapaz estava envolvido como uma outra aluna e ambos respondem a um processo.
    Você fez o mesmo comentário que meu marido, o comportamento é falso, são simpáticos pela necessidade, mas não vão levar aquela pessoa para dentro de casa.
    Amei seu texto!
    Beijos
    Pipa

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  6. Não entendi o seu comentário "negro não fala de branco (veneno: ou se fala, ninguém entende)"...

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  7. Ana, é que muito dos negros aqui falam "ebony" e fica difícil de entender o que eles dizem, não sou para mim que cheguei agora no país, mas para todos os americanos (assim eles me dizem).

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  8. O anonimo que fez o comentahrio, fiz anonimo pq sou gay e nem todos sabem de mim.Obrigado pela explicacao!
    Posso estar errado, mas tenho a sensao que aqui no brasil a situaçao eh melhor que ai, pelo menos, onde eu vivo, cidade media. vejo que as pessoas nao se importam em ter amizades com homos, os pais aceitam professores assim. Embora sempre tenha um que nao, e facam as vezes piadinha nas costas. Vejo que as familias estao tolerando, e convidando para o jantar (hahaha), e a tolerancia eh maior no meio catohlico (por mais incrivel que pareca). Vivo num mundo diferente?
    obs.: sei q pode subentender que nem todos sabem de mim pq eu tenho medo do preconceito, mas nao eh, eh soh pq sou timido

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  9. Lorna, esse vai pro Anonimo:

    Anonimo, nao acho que é uma coisa de PAÍS tipo: "No Brasil aceitam melhor, ou nos EUA o preconceito é grande". Acho que o preconceito é predominante em algumas regiões dos EUA ou grupos (tanto de religião quanto cultural ou etinico) mas nao tem como generalizar. Como eu escrevi no comentário que deixei ali acima, em cidades maiores onde o número de homosexuais é maior, o pensamento é bem mais liberal. No fundo, acho que é tudo relativo. Do mesmo jeito que tem gente super a favor em cidades mais conservadoras, tem gente que é contra em cidades que são mais modernas e liberais. Acho que hoje em dia, comparado com antigamente, a aceitação é bem maior.

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  10. Lorna
    Que coisa né? Aqui na Flórida eu sinto diferente. Embora a Flórida seja tropical, praias e coqueiros, é bem mais rígida do que muitos outros estados. Mas nessa questão eu acho que é diferente. Eu fui na festa dos vizinhos aqui (dois homens) e a maioria dos amigos deles eram heterossexuais e a família toda (pessoas de mais idade) iam chegando e beijando os dois. Mesmo os homens novos e velhos.
    Na minha faculdade (que tem curso de fashion design) tem homens que usam salto alto, peruca, cílios postiços. Em um outro dia eles vêm completamente másculos, você nem reconhece.
    Me peguei outro dia pensando "Ah, salto alto é demais né?" Depois pensei "Gente, é só um sapato, um calçado, se ele gosta, o quê que tem? Deixa o cara usar caramba!" Fiquei com vergonha...
    Os professores são educados com todos e vejo os funcionários e outros alunos também. Outro dia puxei papo com um lá de salto plataforma e depois alguns dos rapazes do Game Design (todos Héteros) entraram na conversa e falaram com ele em toda a normalidade. Isso jamais eu ví acontecer na minha faculdade no Brasil ou mesmo na escola que eu dei aula. Amigo de gay é mulher, pensavam assim.
    Em Fort Lauderdale, eu achei que estava na gaylândia...tinha pra todo lado, de mão dadas, etc e ninguém se importava...Supermercado gay (no letreiro!) e teste de AIDS de graça...
    Pode ser que haja mesmo um preconceito velado, no entanto, os americanos ainda estão anos luz à frente dos brasileiros onde em SP e Rio têm tido uma onda tremenda de agressões e hospitalizações de homossexuais. Não é à toa que tantos brasileiros homossexuais estão conseguindo asilo aqui por medo de voltar ao Brasil.
    Beijão

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  11. Uma pergunta pra quem usa o blogger
    Lorna, vc sabe como eu desabilito a verificação de eltras do comentários?
    O seu não tem e o povo está reclamando dos meus...
    heheh
    Abs

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  12. O anonimo de novo

    O segredo eh educacao. Obrigado pelo comentario Nani.

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  13. Renato, esse quadro que você descreveu na Flórida, não acontece aqui nem em pensamento. Eu adorei que vc foi lá falar com "os diferentes" e percebeu que eles não são lá tão diferentes. Tomara que quando eu mude eu vá para um lugar com gente diferente, cansei de tudo igual :). Vou mandar um email para vc com as coordenadas, deixa eu dscobrir como fiz.

    Anônimo, acho mesmo que depende do lugar. Veja aí o relato do renato, algo impensável aqui em Birmingham.

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