Pedi mais uma vez para marido escrever um pouquinho sobre a vida dele aqui, mas ele olhou para mim com olhar cansado e respondeu "que vida?!". Aí eu ainda insisti "poxa, fala aí da sua falta de tempo, do estresse, das conferências, plantões...". Ele não se animou e ainda completou "eu já passo o tempo todo no hospital, você quer que eu pense no hospital no meu escasso tempo livre?". Então tá né, deixa para lá.
A boa notícia é que ele passou no step 3. Agora ele vive recebendo propostas de emprego ou vagas para o fellowship (faltam no mínimo 3 anos para ele se formar!) e essa parte é a melhor. Acho super motivante porque ele chega morto do trabalho e vê que existe sim vida após a residência e que a vida será mais fácil (principalmente do ponto de vista financeiro). A gente fica viajando nas possibilidades e é legal. Ele estava vendo as possibilidades de lugares para trabalhar e me perguntou se eu queria ir para Minessota, Wisconsin, Illinois, eu disse "quero muito ir para qualquer lugar, queria muito sair daqui, mesmo que seja frio (sofro com o frio), eu queria tentar". Aí ele vira para mim e "que tal o Alaska?". Meu marido sabe, de forma "sutil", mostrar que talvez ficar aqui não seja assim tão ruim né?
Bom, tem "feira" de hospitais também, como aquelas feiras de intercâmbio no Brasil. Você vai, conhece a visão do hospital e se te interessar deixa seus dados que eles vão entrar em contato na época da sua formatura. Eles precisam tanto de médico que já tentam estreitar os laços com os doutores desde já. Marido quer que eu vá porque segundo ele eu sempre tenho muitas perguntas (na verdade, acho que ele quer que eu vá, para me motivar, me mostrar que depois disso tudo aqui, vai ser bom...), mas eu fujo desses encontros médicos. Verdade seja dita, marido raramente vai para esses encontros, nem no Brasil, onde os jantares ocorriam nos melhores restaurantes, ele raramente comparecia. Eu detesto, gente, é muita conversa médica, um porre!!!
Bom, o esquema da vida de residente é o seguinte: chegar antes das 7 no hospital e passar os pacientes, ir para a conferência das 7:30 as 8hs. Depois volta para enfermeria/ambulatório/UTI e discute os casos com os professores, faz a admissão de novos pacientes. Das 11hs as 12hs tem outra conferência e o almoço. Quando termina você volta para as atividades que estava fazendo na enferaria/ambulatório/UTI. As 17hs, termina e volta para casa, caso não tenha plantão. Se não tiver plantão volta para casa e estuda. Se tiver plantão, será o único especialista do complexo hospitalar daqui e não dormirá nem por 10 minutos. Aí, o outro dia é igual, porém, se você estiver de plantão, sai as 11hs.
Olhando assim, não é tão mau, mas na prática a coisa é completamente diferente. O horário de chegada varia de acordo com o número de pacientes e o de saída também (juro que até hoje ele só saiu as 17hs uma vez, ligou para eu ir buscar e comentou "tá vendo? Hoje eu saí na hora!". Acho até que ele estava com o celular na mão só esperando dar 17hs para me ligar...e claro que quando eu cheguei para buscá-lo esperei, porque ele ainda não estava pronto). O horário de saída é uma piada, ele sempre fica mais. Tudo isso junto dá 80hs no hospital (as vezes um pouco mais). Vida fácil né?
Quer saber mais sobre como ser médico aqui nos EUA? Acesse mediconoseua.com
UPDATE: esqueci de falar da folga. são 4 por mês e só :). No primeiro ano marido podia escolher a folga qualquer dia da semana (claro que as datas eram discutidas com o time), esse ano as folgas são no final de semana, então as vezes ele trabalha 2 semanas sem folga e depois tira o sábadoe domingo off .
Ps: Pessoal, pode mandar perguntas e emails que
respondo numa boa. Peço que antes, leiam os comentários dos posts sobre o tema,
pois ando recebendo perguntas que já estão no blog. Eu escrevi mais alguns
posts sobre residência médica nos EUA, procura nos marcadores ao lado. Se
continuar com dúvida, pode entrar em contato J
Lorna....Vida dificil e meia viu??? Meu pai isso é quase a escravidão legalizada, maratona pauleira essa dele, coitado!!!! Isso nao um esquema de trabalho nao, isso é um manual de como tirar toda sua vida a focar apenas em trabalho, agora entendo vc quando diz que mal ver seu esposo...desse jeito só se vc der plantao em casa tb sem dormir esperando ele né nao? fim de semana é essa saga também? Que Deus em sua bondade tenha um futuro recompensador pra vocês depois desse esforço todo...e sem duvida ele tem sim!!! ha....diga ele se lugar gelado pra se mudar serve a Noruega? Tao fria quanto o Alaska..mais aqui o frio te lasca, que é bem pior, ainda mais no Norte que é onde eu moro. como sempre adorei o post um xerinho bem grandao por cê, viu?
ResponderExcluirMenina, e eu aqui morrendo de medo dos meus clinicals em enfermagem que serão apenas 8 horas por dia, 2 vezes por semana!!! Olha, é uma vida dura mesmo, mas como ele e voce sabem, é algo que valerá muito a pena no futuro. Quem nao trabalha duro nao recebe em troca. Admiro quem tem essa força de vontade, coragem e cabeça (pra encarar uma profissao dessas). Que ele continue firme e forte.
ResponderExcluirEu adoraria morar mais para o Norte onde as pessoas são um pouco mais educadas que na Flórida. Como em todo lugar tropical, tem um bando de desocupados só querendo deitar debaixo de uma palmeira comendo bananas! E eu ADORO frio e neve. Meu sonho é uma lareira acesa em um dia de neve do lado de fora ahhhhhhhhh
ResponderExcluirQuem sabe um dia?
Marido vai longe hein?!
Não fazia ideia que nos EUA há escassez de médicos. Bom para o maridão, que poderá escolher onde trabalhar no futuro.
ResponderExcluirOi Lorna sou nova por aqui, achei seu blog pelo da Gisley fomos convidadas pra uma brincadeira e acabei parando por aqui. Li seu blog td em dois dias, acho que isso é TOC rsrsrs td vez que gosto de um blog e vou seguir primeiro eu leio td, gosto de conhecer a historia desde o principio. Me identifiquei muito com vc e seus "conflitos" a cara da Gisley isso rsrsrs... Sai do Brasil pouco depois de vc, chegeui aqui em Setembro, o aqui é Cali na Colombia. meu marido veio a trabalho e como vc eu nao posso trabalhar :(, entao sao dias e dias em casa, descobrindo a cozinha, as vezes vontade de ficar e outras de voltar e por ai vai... Me diverti com o dito do seu pai sobre conselho-coitado adoreiiii rsrsrs... Pense que eu moro hoje no lugar que é considerado com o que tem melhor café do mundo e tb odeio café, + ao contrario de vc q adora dentista eu tenho panico, panico mesmo... Tb estudei psicologia + nao formei tranquei no 6p qd resolvi casar, tb sou ALMEIDA e tb nao tirei nome nehum rsrsrs... Adorei ler piriclitante e neca de pitibiriba gente achei que só eu usava isso hoje em dia rsrsrs... Tb tenho dificuldade em soltar o espanhol por falta de pratica só falo com a minha cachorra o dia td rsrsr ;(... HouseWife nunca sonhei ser uma, nunca sonhei em espanhol na verdade nunca sonhei com nd que vivo em Cali, nunca sonhei com a Colombia, só sonho com o Brasil ate escrevi um post sobre isso, fui buscar lembrancas bem antigas sabe, e assim sao meus sonhos aqui... Adoro macarrao integral :), odiei o Natal e Ano Novo aqui e já vem chegando + um, amei o Halloween, bem foram tantas coisas que dava p te escrever uma carta pra trocarmos figurinha rsrsrs... sigo acompanhando e na torcida por vcs !!! bjs
ResponderExcluirEu não conheço nenhum caminho para se chegar ao SUCESSO, para se alcançar um OBJETIVO DE VIDA, para uma realização PROFISSIONAL, sem muita luta, renuncias, sacrífícios e principalmente, MUITA DETERMINAÇÃO. E, se eu conheço meu filho Leo, tudo isso ele tem de sobra. Lorna, através do seu Blog nós ficamos informados do dia a dia que vocês estão vivendo ai e que muitas vezes nos nossos bate papos, não falamos destes detalhes. muito grata por nos manter informados e de certa forma participando um pouco de tudo isso que voces estão vivendo ai na terra do Tio San. Que Deus continue iluminando e protegendo vocês sempre. Um beijo! Inez
ResponderExcluirLorna, são quantos anos de residência??
ResponderExcluirabs
Depende da área. pode durar 2,5 anos ou 5...
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