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07/08/2011

Ser dona de casa desse lado do mundo


Aqui no Alabama ser dona de casa é bem comum. Ora, o estado que tem os maiores índices de gravidez antes dos 20 anos (comum eu ver mulheres na minha idade com 3 filhos!), um dos estados mais pobres e sem tantos profissionais qualificados, né. Além disso, creche aqui não é algo barato e muitas vezes só aceita a criança por um turno. Nas escolas, as crianças tem aula até as 13 ou até as 15hs (depende da idade) e claro que não podem ficar sozinhas em casa (só se tiverem mais que 13 anos). Lembrando que o americano nem sempre mora próximo da família e  por isso, nem sempre tem aquela ajuda da sogra ou mãe. O que algumas mulheres fazem é cuidar dos filhos e quando eles estão grandinhos voltam a trabalhar 2 ou 3 vezes na semana (eu sinceramente não sei se aqui tem gente que casa e não tem filho, acho que aqui no Alabama as coisas são  tão quadradinhas, tão iguaisinhas...).

Bom, mas ser dona de casa aqui é algo bem respeitado (verdade que se você é dona de casa e não tem filho, não é tão respeitado assim).As mulheres dão conta da casa (no estilo americano néam?), dos filhos (leva filho para escola, para o futebol, para brincar na casa dos amigos, fora as mil competições que as crianças fazem parte aqui nesse país), dos maridos e delas mesmas (jazzercise, salão, saída com as amigas...). A minha preocupação em ser dona de casa (porque eu só conhecia o modelo brasileiro) era a de não ter o que conversar e a de viver a vida dos outros membros da família. Mas aqui, as donas de casa têm vidas completamente separada da família: são voluntárias, participam de clube de leitura, participam de diversas atividades e o que não falta são histórias para contar.

Uma coisa importante é que aqui, pessoas que continuam trabalhando quando têm filho e que portanto pagam babás ou creches para as crianças passarem o dia, não é bem visto. É como se a mãe-trabalhadora não fosse uma boa mãe, pois deveria deixar de trabalhar e ficar com a criança em casa (pelo menos no primeiro ano). Por isso, ser dona de casa aqui é um trabalho levado muito a sério.

Ah, para ajudar na vida de "Amélia", o americano não é machista (pelo menos não tão machista quanto o brasileiro). O marido ajuda nas tarefas de casa e quando as mulheres saem com suas amigas (o famoso girls night out o que acontece com uma certa frequência) eles ficam em casa com as crianças. Sim, aqui marido e mulher não precisam estar colados não e é muito normal os maridos sairem com seus amigos e as esposas com sua thurma. Afinal, todo mundo merece um "break-zinho". Sábado de manhã é o dia oficial dos país e seu filhos. Para todo lugar que você olhe, tem pai (sem a mãe!) com seus filhos. As mães tiram a manhã de folga ou vão faxinar a casa. E ai do marido se falar que a casa está bagunçada, a  mulher vira bicho, afinal esse é o trabalho dela e ela leva muito a sério.

Aí, quando eu falo com o pessoal no Brasil, sempre tem alguém que acha que eu tenho que correr atrás (sim, eu estou parada, estagnada e não faço nada, tadinha "de eu"), que não é certo viver a vida de Leo (eu pergunto: como eu vivo a vida de uma pessoa que praticamente não vejo?) e um monte de blá, blá, blá (imagina o que eles pensam e não falam). E aí, apesar de não gostar muito de morar aqui, agradeço a Deus pela oportunidade de abrir ainda mais minha mente e me tornar uma pessoa ainda melhor do que já sou (nada modesta, hein). Eu até entendo o comentário dos brasileiros, no Brasil a gente é programado para trabalhar e num país machista, mulher que não trabalha fora, não é respeitada, quer dizer, mulher no Brasil não é respeitada de jeito nenhum e por isso não pode depender de homem. Enfim, eu não desisti de estudar e de trabalhar, mas é que cada hora surge uma complicação (e a complicação da vez é sobre o meu visto) e no momento, o que me cabe é ser dona de casa e nessa, eu vou decobrindo outros talentos: restauradora de móveis, decoradora (compramos uma peça e outras coisinhas, a casa tá uma graça!), cozinheira, estou lendo livros de psicologia em inglês (para aprender o vocabulários), estudando para o TOEFL que é no final do mês... Porque minha gente, eu não nasci para sofrer e estou preparando uma super limonada com os limões que tenho encontrado :).




7 comentários:

  1. sabe aquele som de aplausos bem demorados? Pois bem faco isso agora PARA VC, tiro meu chapeu, texto lindo, e muito verdadeiro, Uma vez eu vi um video onde uma mulher dizia: TODO brasileiro deveria passar pelo menos um mês de sua vida, fora do Brasil, por que assim ele entenderia que o mundo nao termina nas esquina depois do BR....Eu ja sofri com essas perguntas by Br super sem nocao, achando que aqui a vida é como lá....Uma amiga me pergunta quase todo dia, que cidade vc ja conheceu??? Eu: amiga nenhuma só a que moro mesmo, eu nao vim pra cá viver de turismo nao, eu vim morar, pois bem no BR eu nao vivia viajando por que aqui tenho que fazer isso? e assim vai perguntas mundo a fora....como cheguei aqui a 3 meses o povo pergunta logo..haaa e vc nao trabalha...eu: meu povo um trabalho aqui requer varias coisas entre elas falar o idioma que eu nao falo ainda...enfim Lorna eu sei bem o que sao essas cobrancas descabidas as vezes de gente simplesmente curiosa...e de verdade as vezes eu mando catar coco na ladeira, de preferencia na descida...affffff. Você está bem com vc mesmo, reformando seu moveis, estudando, escrevendo seu blog, sendo dona de casa, esposa, estrangeira e mulher em um outro país isso também nao é facil mas tem Sim seu sabores né? AMEIIIII O POST. AINDA BATO PALMAS..... bjs

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  2. Minha querida, vou te dizer uma coisa que aprendi na marra e que eu sei que é difícil de assimilar: Não importa o que os outros acham, o que importa é o que vc acha de vc mesma. Comece com esse pensamento e seus dias serão bem mais fáceis. Quanto a ser dona de casa, olhe, eu nunca pensei que eu fosse fazer numa casa tudo o que eu faço hoje, mas por outro lado, não parei só nisso. E acho que isso é fundamental, pelo menos pra quem não tem vocação pra amélia. Eu não tenho! Pense nas possibilidades, não nas mais difíceis, longas, sofredoras, mas nas que estão ao seu alcance. Beijão e ótima semana.

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  3. Amiga Lorna parabens pelo texto eh isso ai mesmo, mas acho que a crise vai mudar um pouco este estilo de rotina americana, a mulher vai ter que estudar e trabalhar para ajudar o marido. Como diz o ditado, a necessidade vai mudar a cabeca desse povo aqui. Fui!

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  4. idem por aqui...as donas de casa tem muita coisa pra fazer! =) sempre que alguem do brasil vem pra ca, eles perguntam: mas o que vc faz o dia todo??? =P como se eu sentasse no sofá e ficasse vendo a vida passar!! Primeiro que aqui nao tem empregada, entao as tarefas domesticas tem que ser feitas...e demoram! e quando finalmente termino com as coisas, eu saio pra encontrar amigas, pra passear e pra finalmente poder fazer o que me der na telha!! =D tem dias que tenho tanta coisa pra fazer que mal da tempo de chegar em casa qdo o marido chega. E ele pergunta tb: mas o que vc fez o dia todo!?! =PP quase que eu bato nele! hehe mas ele ja viu qdo tava doente, como o dia-a-dia aqui em casa pode ser puxado...e depois me falou que é mil vezes mais tranquilo pra ele ir trabalhar do que fazer metade do que eu faço aqui! ;) bjs!

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  5. Meu Deus! Deve ser mto legal estar por aí... que demais! Parabens pela garra...

    Estou comprando um ape e resolvi criar um blog sobre as reformas e acabamentos, decorações, enfim... hoje dei uma passada pra conhecer minha "vizinhança" e cheguei aqui! Adorei... volto nos proximos posts para ver novas ideias...

    Bjss

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  6. Me identifiquei com esse texto também. Ao chegar aqui, passei um bom tempo encanada, me questionando. Tive que interromper a carreira para acompanhar marido aos EUA e o ritmo de vida mudou bastante. O mesmo tipo de pergunta e cobrança velada que você ouviu aconteceu comigo também.
    Hoje, dois anos depois, vejo que valeu a pena. Levo uma vida tranquila (trabalho em casa com tradução), estou bem ajustada, faço o que gosto.
    Minha vida não é mais aquela correria de antes e, pensando bem, nem tem que ser.
    Aprovação social e expectativas alheias estão definitivamente out. O importante é ser feliz.
    Um abraço!

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  7. Lilian, como é bom ouvir que essa vida nova dá certo sim, né? :)

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