Pois então, fomos convidados para o Nikah. No dia anterior tinha
acontecido o Manjha, que segundo o noivo é onde acontece as danças (mas o google
me disse que é o dia da pintura de henna também). Fomos para o casamento propriamente
dito. O convite dizia que o evento começaria as 18hs e o casamento iniciaria as
19hs, seguido do jantar às 20:30. O noivo mandou uma mensagem para marido
dizendo que ele chegasse umas 18:40, pois o evento só começaria as 19hs e lá
fomos nós.
Chegando lá nos deparamos com essa cena. Tipo um lanchinho até a hora do casamento. Tinha chá, água e essas
comidinhas para alegrar a barriga dos convidados. Embora nesse casamento não
tenha havido a separação de homens e mulheres foi engraçado notar que mesmo não
sendo exigência, as pessoas ficavam separadas por gênero mesmo. Eu contei 2
casais ocidentais (eu e marido inclusos) e a esposa do amigo indiano de marido.
Mas quem liga para os ocidentais numa hora dessas? Nossa, eu fiquei reparando
nas roupas, nos sapatos, nos cabelos! A metade dos homens estava de paletó
e gravata e a outra metade com roupas típicas que eu amei! As mulheres
estavam com roupas típicas também. Tinha mulher com lenço na cabeça, mulher
mostrando os braços, mulher cobrindo tudo (tinha uma de burca). O noivo disse
uma vez que os paquistaneses são os indianos muçulmanos, então talvez essa seja
a diferença entre os outros muçulmanos,
uma pitada ardida da Índia (vale lembrar que o noivo é um muçulmano de araque
já que come porco, não faz as rezas obrigatórias etc). Minha amiga indiana
disse que quando mais proxima dos noivos, mais arrumada a mulher fica.
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Lanchinho inicial. Eu só consegui comer o grão de bico, | | até os veggies fritos estavam terrivelmente apimentados |
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As mulheres conversando e comendo o lanchinho da entrada |
Lá para as 19hs, entramos no salão. Na frente ficava o altar para o
casamento e muitas mesas com cadeiras. As mesas reservadas para a familia
estavam proxima do altar e as outras estava liberadas. As pessoas foram
sentando e como as mesas cabiam 10 pessoas, desconhecidos iam sentando juntos.
A família só entra na hora do casamento mesmo. Em cima da mesa tinha um
saquinho com chocolate para cada convidado e no final do casamento recebemos
uma caixinha com nuts, frutas secas e chocolates. Enquanto o casamento nao
começava, os garçons trabalhavam servindo bebidas (não alcoólicas né).
Só sei que o casamento comecou as 21hs. Antes do casamento, eles
chamaram o pessoal para rezar em uma outra sala, não fomos. Ai vai entrando as
pessoas ligadas aos noivos: irmão, amigo, sobrinhos...todo mundo sendo
anunciado e caminhando. As vezes os convidados batiam palmas para as pessoas
que entravam, as vezes não. Quando o noivo entrou com os pais teve até
gritinhos. Depois vem a noiva com o pai do lado direito e a mãe no esquerdo.
Ela passou o tempo todo olhando para o chão, muito, muito, muito triste. É
muito diferente do casamento ocidental que a noiva até entra emocionada, mas bem
feliz. Teve uma hora que eu ate me perguntei “será que ela quer casar mesmo?”.
Ai, falei com minha amiga indiana do porquê daquilo, de repente, se a noiva
esboça felicidade é sinônimo de desrespeito, vá saber. Bom, eu tinha pesquisado
no google que a noiva fica triste em alguns momentos porque ela vai se separar
da família, mas a noiva desse casamento ficou triste o tempo todo. Tipo, muito
triste. E no caso, ela mora longe da
família faz tempo, então fiquei achando que mostrar felicidade poderia ser
ofensivo para a cultura deles.
Quando a noiva entrou, depois que eu me acostumei com a cara de tristeza,
pude olhar a roupa e jóias. Ela estava de vermelho. A roupa era bem trabalhada.
Henna nas mãos, muitas pulseiras e aquele negocio que passa na cabeça e prende
no nariz (o google disse que chama Nath). Ela estava muito bonita, muito mesmo!
Bom, ela sentou ao lado do noivo no altar. Os pais dos noivos também sentam no
altar.
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Foto da nossa mesa para mostrar que Leo ficou de costas para o altar |
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Ambiente do casamento |
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Os familiares entrando |
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A noiva |
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O casamento estava começando |
O “pastor” disse que devido ao adiantar das horas ele iria apressar a coisa.
E nossa, o que ele falou é muito igual ao que os padres/pastores falam nos
casamento cristão. Aquela coisa de respeitar o outro, ter paciência etc. Ele
usava trechos do Alcorão para ilustrar os fatos. Eu sei que ele enfatizou muito
que o homem tem de tratar bem a mulher, que a mulher merece atenção e tal.
Depois ele falou do presente que o noivo deu para a noiva (como ele disse, para
mostrar que as intenções do noivo eram sérias). Na verdade ele não disse o que
foi o presente, só disse que o noivo deu (minha amiga indiana disse que
normalmente eles acordam um valor em dinheiro). Dai ele pergunta se a noiva
quer casar por vontade própria ou esta sendo obrigada e o mesmo para o noivo.
Eu não ouvi as respostas, então não sei se é uma pergunta retórica, se a resposta
é um balançar de cabeça ou se eu não ouvi porque estava longe mesmo. Finaliza
com uma prece. E aí eu achei o máximo! Tinha cristão, tinha muçulmano e tinha
hindus rezando e pedindo coisas boas para o casal. Né legal isso?
Pronto, acabou o casamento. Os familiares se aglomeraram para tirar as
fotos e os convidados foram para o buffet finalmente jantar. Voltamos para
sentar com os pratos cheios e os familiares se concentraram lá na frente
falando no microfone para os noivos. Nessa hora pareciam duas festas
diferentes. Infelizmente só dei 4 garfadas no jantar. Apesar de adorar a comida
(eram as mesmas coisas que comemos no restaurante indiano), a comida estava no
grau máximo de pimenta. Meu esôfago ficou desconfortavelmente ardido e aqui eu
parei e comi chocolate, bebi refrigerante e água para melhorar a situação. O
casal de indianos comeu tudo, mas os 3 ocidentais e mais 1 indiano não deram
conta de tanta pimenta. Depois do não-jantar, veio a parte dos doces. Tinha o
bolo do casamento já cortado em fatias e muitos docinhos. Eu acho fantástico
que eles não usam chocolate para nada e as sobremesas são bem boas (nada
comparado aos nossos doces, mas pelo menos, diferente do jantar, eu pude comer com
prazer).
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Uma das fotos depois do casamento |
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Na
fila do buffet tinha uma moça de burca. Imagino que esse seja o modelo
festa. Note que do outro lado só tem mulher e eu fiquei na fila "dos
homens". |
Aí o casamento acabou. Levantamos para falar com os noivos e fomos
embora. Ah, no caso desse casamento, como o noivo mora em Bham e a noiva
na Carolina do Sul (ela faz fellowship lá) eles colocaram no convite que não
queriam presente. Vimos muitas pessoas com cartões (provavelmente o dinheiro
estava lá dentro), mas não havia local para guardar e nem como dar aos noivos.
O nosso cartão entregaremos no evento do casamento que terá aqui em Bham.
Ps: a qualidade das fotos está um horror. Desculpa, tá.
E tao interessante poder participar de eventos de culturas diferentes da nossa. Ate eu fiquei intrigada com a cara de tristeza da noiva, sera que e pra nao mostrar desrespeito? Vou pesquisar depois. Essa e uma das coisas que amo aqui nos US e a oportunidade de conhecer pessoas do mundo todo e ver de pertinho a cultura delas.
ResponderExcluirBeijinhos
Olá Lorna, como esta?
ResponderExcluirAcho as culturas orientais bastante intrigantes, principalmente a árabe, acho lindas as roupas que elas usam! Quando pequena minha mãe me levou pra ver uma apresentação de dança e fiquei encantada, comprei até roupa, até tentei usar por um tempo, mas como o Rio de Janeiro é muito quente, não aguentei haha
Muito estranho a noiva ter que parecer triste no seu próprio casamento, mas levando em consideração que muitas são forçadas a isso até dá pra "aceitar"...
abçs
Uma das minhas coisas preferidas em Houston é esse caldeirão cultural. Oportunidade incrível essa de presenciar um casamento de outra cultura! Roupas, cores, sabores, preces... muito legal, mesmo!
ResponderExcluirAgora, me fala uma coisa: cadê foto sua com o modelito? Usou bolero? Manga comprida? Estou curiosa!!
Beijos
Eu tava morreeeeendo de curiosidade por esse post!! Eu ia adorar participar de um casamento desses. Bjsss
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